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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 19


AS ISCAS ARTIFICIAIS
Não tenho a pretensão de relacionar todas as iscas capazes de atrair uma traíra (a princípio, qualquer isca artificial serve), mas sugerir e orientar na escolha de qual isca serve para qual situação e tamanho de traíra. O mais importante é aprender a escolher, saber trabalhar e saber o quê esperar de cada isca, pois são tantas as iscas artificiais que nem sendo vendedor para  conhecê-las todas. Por regra: se a isca parecer viva e em dificuldade, será uma boa isca; e se ela puder ser colocada na cara da traíra será uma ótima isca!

Resumidamente, eu recomendo não sair de casa sem uma isca de superfície “esporrenta (barulhenta)” e uma de meia-água. Use uma isca de meia-água se puder passá-la por baixo da vegetação, e na escuridão ; e use uma de superfície se o local for favorável mas houver luz, se a vegetação promissora for excessiva, e quando não for possível usar uma de meia-água por baixo da vegetação.

Existe uma enorme diferença em usar uma linha de multifilamento (com elasticidade em torno de 4 – 5%; mais recomendável para uso em carretilha, ou com molinete com guia de linha rolamentado; pois terá pouca durabilidade em molinete comum) e uma de monofilamento (22 – 30%; 5 ou 6 vezes mais elástica).

Com uma linha de multifilamento, se ferroa muito mais fácil; tornando iscas como as de superfície (que têm muitas perdas, principalmente com monofilamento...) muito recomendáveis e com poucas perdas (quase que não se perde traíras grandes com uma pequena isca de meia-água, independentemente da linha utilizada). Iscas que ferroem fora da boca, ou de garatéias grandes; serão especialmente beneficiadas com o uso de multifilamento! Este assunto será melhor abordado em outro artigo...
Analisemos o assunto mais a fundo:

As iscas de Superfície:

Uma isca de superfície é minha segunda opção (uma de meia-água é a minha primeira opção, mas apenas se for possível trabalhá-la embaixo da vegetação). Mas existem situações em que é impossível colocar uma isca de meia-água “na cara da traíra (com sua passagem por baixo da vegetação)”, quando as iscas de superfície são muito mais promissoras que uma de meia-água. É recomendável que haja pouco vento e os demais fatores favoráveis (é uma isca recomendável para muitas situações com luz). Iscas de superfície possuem alto índice de perdas, tão altos como metade dos ataques quando se usa linha de monofilamento! Isto ocorre por causa da boca da traíra, que é extremamente dura e as garatéias só vão perfurar a sua boca se houver uma boa força de ferroada; dependendo da espessura da garatéia e ferrão (a garatéia deve ser grande para evitar perder, e fininha para facilitar a penetração). Outros fatores que ajudam a ferrar são: vara rápida, ferrar sem exagero (só firmando a vara no mais das vezes...), dar um toquinho a mais no exato momento em que a isca estiver sendo atacada por trás (com isso você expõe a garatéia traseira e ela pode ser engolida), e garatéias fininhas (1 X, ou no máximo 2 X) e largas (wide gap).

Nota: o uso de um monofilamento grosso e fricção apertada; ou melhor ainda, uma linha de multifilamento, será de grande ajuda para penetrar a boca da traíra, por dar uma maior força (ou melhor dizendo, ”impacto”) de ferrada! Uma linha de multifilamento pode quase que anular essa dificuldade em penetrar a boca da traíra...; mas eu desaconselho usar multifilamento com molinete comum, devendo este molinete ter um guia de linha com rolamento...

Portanto, iscas de superfície são mais recomendáveis para chamar a atenção de peixes que verdadeiramente correm atrás (como o tucunaré; que ainda tem uma “boca bem mais fina”, bem mais fácil de perfurar) por isso mesmo, sempre tenha a mão um “plug” de barbela curta, para os que errarem o ataque, para os que não atacam, ou para os que escaparem por não morderem a isca direito devido ao trabalho errático (iscas de superfície têm sempre mais perdas que os outros tipos de isca).

Alguns cenários para que uma isca de superfície funcione muitíssimo bem para traíras:

Em locais excessivamente rasos, mas ainda assim promissores.

Por vezes, se vê uma traíra “dormindo” com as costas na superfície da água, sempre bem na beiradinha e em local com vegetação marginal flutuante (“santa luzia” ou outra). Se você vir uma traíra nesta situação, recue imediatamente antes que a traíra perceba sua presença! Como o local é muito raso e a traíra está dormindo, será necessário trocar a isca para uma de superfície bem barulhenta e lenta (popper + hélice). Comece o trabalho passando a isca de 1,5 a 2 m da traíra para não espantá-la (ela pode “cair da cama” e pensar estar sendo atacada, dê-lhe a chance de avaliar a isca antes), e então passe a isca a menos de um metro (quando a isca será atacada com um bote, sem aproximação).

Quando se quer chamar a atenção da predadora e irritá-la (processo conhecido como “prospecção”, quando atraímos o peixe para onde se quer que ele esteja) ela pode ser a única isca capaz de provocar um ataque, quando a vegetação é excessivamente extensa e queremos chamar a atenção das predadoras que estejam sob ela (e então, se escaparem à isca de superfície, tentar capturá-las com uma isca de meia-água).

Quando dois pescadores estão juntos um usa uma isca de superfície atraindo as traíras, e o outro segue a isca de superfície com uma isca de meia-água.

Na completa escuridão, quando uma traíra ataca qualquer coisa que chame a atenção e não esteja muito distante (tem de trabalhar perto da traíra mesmo na escuridão). Use, uma isca pequena (uns 5 cm) que, embora menos chamativa; ferroa muito melhor, resultando em muito menos perdas.

Antes do Sol se pôr ou com luminosidade qualquer; quando é a melhor isca para ser usada, se não for possível passar um plug de barbela curta por baixo da vegetação!

Um macete: para evitar que a traíra morda apenas a cabeça da isca, basta dar um “tranquinho” ao perceber o bote, pois isto tira a cabeça da isca da boca da traíra e expõe a traseira da isca ao ataque; quando a traíra ataca por trás, este toquinho a mais se torna essencial. Um tranco também serve para ferroar a traíra que tem uma boca muito dura.

Observação: Penso eu que uma isca de superfície seja tão capaz de provocar um ataque por que sempre que uma traíra (ou outro predador) ataque uma presa na superfície, esta se revele uma presa relativamente fácil...; seja uma rã, uma ave, um roedor,...; o lambari é uma presa bem mais difícil do que possa
Hélice + Popper (ou outra isca “superbarulhenta”): Na escuridão, quando a traíra estará tendendo a atacar quase tudo que perceba (no geral, ela não sai de onde está por causa de uma presa, mas a ataca se ela estiver dentro de sua “janela de ação”; ela percebe muito e ataca pouco, de acordo com sua avaliação da presa). Se a traíra escapar, é muito difícil que ataque esta mesma isca novamente, devendo-se recorrer a “papa-black” ou outra isca (de meia-água ou de fundo, já que qualquer dessas certamente será atacada reiteradamente).

Uma excelente idéia é transformar uma isca de hélice (melhor “hélice + popper”) em um “stick” (melhor chamada de isca “splash” por parar em 45º com a água. O “stick” pára mais na vertical ainda), mantendo as hélices funcionais. É só aumentar o peso da garatéia traseira com chumbo em fio (enrolando na haste ou na argola da garatéia trazeira); ou melhor, aumentar a garatéia (trocá-la por uma de maior tamanho, mas que não seja muito grossa; pode ser necessário trocar a garatéia dianteira por uma mais leve ou por um anzol). A “popper-hélice-splash” é uma das melhores iscas de superfície não apenas para traíras! Mas insisto em afirmar que as iscas de meia água dão melhores resultados, quando for possível usá-las corretamente.

Um exemplo de isca de superfície interessante é a MORO ROBALO BAIT POPPER TURBO (11 gramas, 8 centímetros). Com “popper” e uma hélice traseira, embora suas garatéias originais beirem ao ridículo... Ela se tornará uma excelente “splash” após serem trocadas as garatéias por outras maiores ! Se for fazer esta modificação, observe que a isca deve boiar com o “popper” fora Da água (só o “popper” !), e que a garatéia traseira fica melhor se for “ornada” com cabelo de boneca. Seu trabalho é de puxadinhas e paradinhas alternadas. As paradinhas são pouco mais longas do que o suficiente para a isca assumir a posição vertical (ficar parada). Pode-se alternar seu trabalho “normal” com a “catimba ou catimbinha (meu trabalho favorito, toques curtíssimos que produzem a sensação de um bicho se afogando; este trabalho só dá certo com um stick ou com uma splash)”. Observe que ela não é capaz de rebolar como uma “twitchbait” ou uma “zara”, pois a hélice e o popper (mesmo sem o cabelo de boneca na garatéia traseira) não o permite.

Eu considero que o trabalho do popper tem 3 formas básicas:
1. "a catimbinha (toques rápidos, ininterruptos, e bem curtinhos mesmo; como se a isca estivesse se afogando)";

2. "a catimba (toques curtos a cada 2 segundos; mas usando o movimento da isca, enquanto ela volta a sua posição de repouso, para com o mínimo de toques manter a isca em movimento contínuo)";

3. "popper (verdadeiras “porradas” de uns 20 centímetros para que a isca faça todo barulho que pode... e deixar a isca boiar por 3 segundos antes da próxima puxada; a isca fica a maior parte do tempo em movimento)"

Observações:
Qualquer destes trabalhos funciona melhor se a isca é do tipo que bóia mais na vertical (pode e deve-se aumentar as garatéias, desde que se teste a flutuação da isca)... Que esta isca sempre deva ser trabalhada com toques secos, variando o recolhimento a cada toque e o intervalo entre os toques. (você tem uma “graaande” liberdade para trabalhar...);

Que esta isca é uma das mais eficientes, produtivas, e "esporrentas" que existe!
Esta isca pode ter ou não uma hélice simples associada ao popper, desde que a isca não seja muito pequena (quando o peso da hélice prejudica a flutuação).

Atenção!!! Para poder ferroar eficazmente traíras com iscas de superfície, é essencial usar garatéias grandes e fininhas; e também a fricção apertada (melhor se usar linha de multifilamento), podendo dar uma boa ferrada quando perceber o ataque! Quem está acostumado a usar iscas de superfície para tucunarés, perceberá que a boca da traíra é infinitamente mais dura e difícil de atravessar (isto se reflete nas perdas...)!
Existem outras iscas de superfície como uma zara (que possui o maior número de perdas que eu já vi, embora seja a favorita de muitos...)... O importante é experimentar iscas diferentes, e ver com qual você se adapta melhor!

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