Observação sobre as Iscas Artificiais
Em geral, quanto mais lenta
a isca, melhor! (isca que
trabalha corretamente com recolhimento lento, em baixa velocidade; ou que
trabalha em alta velocidade durante um “tranco”, mas que percorre sua
trajetória lentamente). A traíra é um predador de emboscada, isto é, não costuma ficar correndo atrás de sua
refeição, quase sempre se limitando a um único e certeiro bote explosivo
(o dourado e especialmente o tucunaré, por exemplo, possuem raio de ação maior,
que é a distância onde ele acredita que seu ataque será bem sucedido, caso
contrário não vale a pena gastar energia os predadores tem um raio de ataque
limitado, no caso da traíra, ele pode
ser de menos de um metro em condições desfavoráveis como dia ou temperatura
inferior à 18 graus, ou de poucos metros em condições favoráveis ! Se a isca for
lenta e de trabalho previsível, é mais fácil de ser atacada).
Se a isca parece
viva, o que equivale a dizer, se ela “rebola” como as “zaras”, “oscila” como as
“colheres”, ou tem muito movimento e vibração como os “spinners”, é uma boa e
apetitosa isca. Se ela parece uma presa fácil (trabalha lentamente)
e se apresenta entre 40 e 90
cm de profundidade (dependendo da altura das raízes da vegetação
em questão e da profundidade do local), será uma isca ao alcance de um bote. O grande
segredo é combinar uma isca com um trabalho exuberante, o que a torna
apetitosa, e um trabalho de meia-água, à profundidade das pontas das raízes da
vegetação “santa luzia” ou logo abaixo deles, o que permite colocar a isca “na
cara do peixe”. Se não se puder ter as duas coisas, melhor então ter o trabalho
exuberante; como ocorre com as iscas de superfície...
Quando se pesca
em competição, o trabalho errático é preferível por ser mais chamativo,
causando maior número de “strikes (batidas)” e pegando mais peixes! Mas se a intenção são os maiores peixes, um
trabalho de oscilação fará a isca parecer ferida e uma presa fácil, ainda
evitando as más ferroadas decorrentes do trabalho errático.
O uso de “trailer”
(qualquer coisa que for presa ao anzol
ou garatéia e lhe dê volume ou acrescente ação, tipo “um grub”, um pedaço de
pano desfiado, cabelo de boneca, outro anzol, etc.), é recomendável ao “spinner” (pois a
traíra tende a morder a lâmina giratória) e em algumas iscas de superfície,
como o “popper” e a hélice, e até mesmo algumas iscas de fundo como um jig! Contudo, não é
recomendável a qualquer isca que “rebole” ou oscile, pois atrapalha o movimento
tornando a isca mais rápida ou “a matando de vez”, e nós queremos
que a isca seja bem lenta (mais fácil de ser atacada) e que “rebole”
bastante...
O uso
eficiente de qualquer isca, artificial ou não, depende da estimativa do tamanho
de peixe que queremos capturar. Se o pescador conhecer o peixe bem, fica
mais fácil esta estimativa. A traíra,
embora seja um peixe complexo, é totalmente previsível e possui situações de
captura repetitivas.
Convém variar a
isca, em função da estimativa de tamanho da traíra que escapou, ao tentar
fazê-la atacar novamente, pois cada tamanho e cada tipo de isca serve para uma
faixa de tamanho de boca (só para lembrar, devemos obter uma ferroada dupla das
garatéias para não perder peixes com os plugs pequenos; e iscas grandes demais,
podem perder a traíra porque ela pode morder a isca sem pegar garatéia
alguma...).
Diz a física que
quanto maior a assimetria da isca, maior o “turbilhonamento” e,
conseqüentemente, o “rebolado”. Isso significa que a isca assimétrica é mais
lenta. Quanto maior a simetria, mais rápida ela será (isto é, seu trabalho
correto exige maior velocidade de recolhimento), o que recomenda o uso de iscas
tipo “crank bait (trabalho tipo “walking dog”, balançando o rabinho)”.
Algumas iscas
alongadas “nadam” desenhando a letra “S” (as que bóiam com a
frente bem para cima) ou oscilando lateralmente (o que pode ser
regulado pelo peso do encastoamento), um trabalho mais exuberante sem ser
errático, e facilitam que o peixe as engula, se atacadas por trás, por serem
alongadas.
Outro tipo de isca são aquelas que trabalham oscilando de
lado, que quando possuem as costas pretas e lateral prata como a INNA de 7 cm cor 38, criam a ilusão de
mudar de cor ou “piscar”, quando olhadas de lado ! Quer trabalho
mais exuberante que isso?
Iscas como a Big
Game da MARINE SPORTS são exceções, já que o ângulo da barbela da Big Game seja
próximo da horizontal (iscas com barbelas grandes e horizontais afundam muito),
ela sofre oposição do “nariz” da isca, afundando apenas uns 40 - 60 cm e expelindo a água de
lado resultando em um trabalho de oscilação combinado com um leve trabalho em “S”
horizontal. Este trabalho não é o mais adequado para iscas (pequenas), em que
se pretenda serem engolidas inteiras, mas é muito natural (um peixe ferido ou
nadando muito distraído), e plenamente satisfatório quando se pretende que o
peixe “trombe” com a isca e fique “grudado” nela.
Ainda em tempo,
uma isca que flutue com a frente para cima, quando puxada terá grande pressão
hidrodinâmica na barbela, que puxa a frente da isca para baixo, “rebolando” bem,
mesmo em baixa velocidade e a pouca profundidade. Na hora de comprar um “plug”, prefira os que
podem ser testados na água. Use um “pet” (garrafa de refrigerante de
2 litros )
com a boca cortada, ou um balde com água. Isso depende do vendedor, da loja e
da embalagem da isca, que permita ser aberta e fechada sem ser danificada. As
melhores iscas são aquelas que flutuam com a frente bem para cima (quanto mais
em pé melhor), além de ter boa parte fora De água (quanto mais flutuante e mais
em pé essa flutuação, mais pesado pode ser o encastoamento), e lateralmente
equilibrada (os dois lados na mesma altura, com um pouco de experiência, já dá
para avaliar bem a isca só por esse teste). Às vezes, compro uma isca de uma
marca pouco conhecida ou da marca “marba” (mais barata!) e ela se revela “uma
matadora”, só sendo levada para casa depois deste teste (que admito ser quase
desnecessário para marcas famosas; mas ainda assim, se testarmos mais de uma,
uma delas se revelará superior a suas irmãs gêmeas). Já vi vendedores torcerem
o nariz e outros pescadores me “zoarem (coitados, ainda não leram este artigo)”,
mas prefiro ser “cara de pau” do que
comprar uma isca que nem levo quando vou pescar. Se você achou exagero,
digo que já vi à venda um popper que afundou como uma pedra quando testado (ainda
bem que testei antes de comprar), e também comprei um “plug” de barbela curta
que com o peso de um encastoamento leve não rebolava de jeito algum (ao
testá-lo sem encastoamento ele ficava quase paralelo à superfície da água,
embora tivesse boa flutuação).
Obs 1: Uma isca como a “papa black”, que não pode ter aberta sua
embalagem sem ser danificada, pode ser avaliada pelo “rattling” (chocalho) !
Basta comprar a que tiver o “rattling” mais agudo – o som de uma areia
meio-metálica.
Obs 2: Evite usar isca de madeira para traíra ou qualquer predador
dentado, ela pode partir, ou simplesmente ser arrasada, durando pouco.
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