quinta-feira, 23 de maio de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 22


Observação sobre as Iscas Artificiais



Em geral, quanto mais lenta a isca, melhor! (isca que trabalha corretamente com recolhimento lento, em baixa velocidade; ou que trabalha em alta velocidade durante um “tranco”, mas que percorre sua trajetória lentamente). A traíra é um predador de emboscada, isto é, não costuma ficar correndo atrás de sua refeição, quase sempre se limitando a um único e certeiro bote explosivo (o dourado e especialmente o tucunaré, por exemplo, possuem raio de ação maior, que é a distância onde ele acredita que seu ataque será bem sucedido, caso contrário não vale a pena gastar energia os predadores tem um raio de ataque limitado, no caso da traíra, ele pode ser de menos de um metro em condições desfavoráveis como dia ou temperatura inferior à 18 graus, ou de poucos metros em condições favoráveis ! Se a isca for lenta e de trabalho previsível, é mais fácil de ser atacada).

Se a isca parece viva, o que equivale a dizer, se ela “rebola” como as “zaras”, “oscila” como as “colheres”, ou tem muito movimento e vibração como os “spinners”, é uma boa e apetitosa isca. Se ela parece uma presa fácil (trabalha lentamente) e se apresenta entre 40 e 90 cm de profundidade (dependendo da altura das raízes da vegetação em questão e da profundidade do local), será uma isca ao alcance de um bote. O grande segredo é combinar uma isca com um trabalho exuberante, o que a torna apetitosa, e um trabalho de meia-água, à profundidade das pontas das raízes da vegetação “santa luzia” ou logo abaixo deles, o que permite colocar a isca “na cara do peixe”. Se não se puder ter as duas coisas, melhor então ter o trabalho exuberante; como ocorre com as iscas de superfície...

Quando se pesca em competição, o trabalho errático é preferível por ser mais chamativo, causando maior número de “strikes (batidas)” e pegando mais peixes! Mas se a intenção são os maiores peixes, um trabalho de oscilação fará a isca parecer ferida e uma presa fácil, ainda evitando as más ferroadas decorrentes do trabalho errático.

O uso de “trailer” (qualquer coisa que for presa ao anzol ou garatéia e lhe dê volume ou acrescente ação, tipo “um grub”, um pedaço de pano desfiado, cabelo de boneca, outro anzol, etc.), é recomendável ao “spinner” (pois a traíra tende a morder a lâmina giratória) e em algumas iscas de superfície, como o “popper” e a hélice, e até mesmo algumas iscas de fundo como um jig! Contudo, não é recomendável a qualquer isca que “rebole” ou oscile, pois atrapalha o movimento tornando a isca mais rápida ou “a matando de vez”, e nós queremos que a isca seja bem lenta (mais fácil de ser atacada) e que “rebole” bastante...

O uso eficiente de qualquer isca, artificial ou não, depende da estimativa do tamanho de peixe que queremos capturar. Se o pescador conhecer o peixe bem, fica mais fácil esta estimativa. A traíra, embora seja um peixe complexo, é totalmente previsível e possui situações de captura repetitivas.

Convém variar a isca, em função da estimativa de tamanho da traíra que escapou, ao tentar fazê-la atacar novamente, pois cada tamanho e cada tipo de isca serve para uma faixa de tamanho de boca (só para lembrar, devemos obter uma ferroada dupla das garatéias para não perder peixes com os plugs pequenos; e iscas grandes demais, podem perder a traíra porque ela pode morder a isca sem pegar garatéia alguma...).

Diz a física que quanto maior a assimetria da isca, maior o “turbilhonamento” e, conseqüentemente, o “rebolado”. Isso significa que a isca assimétrica é mais lenta. Quanto maior a simetria, mais rápida ela será (isto é, seu trabalho correto exige maior velocidade de recolhimento), o que recomenda o uso de iscas tipo “crank bait (trabalho tipo “walking dog”, balançando o rabinho)”.

Algumas iscas alongadas “nadam” desenhando a letra “S” (as que bóiam com a frente bem para cima) ou oscilando lateralmente (o que pode ser regulado pelo peso do encastoamento), um trabalho mais exuberante sem ser errático, e facilitam que o peixe as engula, se atacadas por trás, por serem alongadas.

Outro tipo de isca são aquelas que trabalham oscilando de lado, que quando possuem as costas pretas e lateral prata como a INNA de 7 cm cor 38, criam a ilusão de mudar de cor ou “piscar”, quando olhadas de lado ! Quer trabalho mais exuberante que isso?
Iscas como a Big Game da MARINE SPORTS são exceções, já que o ângulo da barbela da Big Game seja próximo da horizontal (iscas com barbelas grandes e horizontais afundam muito), ela sofre oposição do “nariz” da isca, afundando apenas uns 40 - 60 cm e expelindo a água de lado resultando em um trabalho de oscilação combinado com um leve trabalho em “S” horizontal. Este trabalho não é o mais adequado para iscas (pequenas), em que se pretenda serem engolidas inteiras, mas é muito natural (um peixe ferido ou nadando muito distraído), e plenamente satisfatório quando se pretende que o peixe “trombe” com a isca e fique “grudado” nela.

Ainda em tempo, uma isca que flutue com a frente para cima, quando puxada terá grande pressão hidrodinâmica na barbela, que puxa a frente da isca para baixo, “rebolando” bem, mesmo em baixa velocidade e a pouca profundidade. Na hora de comprar um “plug”, prefira os que podem ser testados na água. Use um “pet” (garrafa de refrigerante de 2 litros) com a boca cortada, ou um balde com água. Isso depende do vendedor, da loja e da embalagem da isca, que permita ser aberta e fechada sem ser danificada. As melhores iscas são aquelas que flutuam com a frente bem para cima (quanto mais em pé melhor), além de ter boa parte fora De água (quanto mais flutuante e mais em pé essa flutuação, mais pesado pode ser o encastoamento), e lateralmente equilibrada (os dois lados na mesma altura, com um pouco de experiência, já dá para avaliar bem a isca só por esse teste). Às vezes, compro uma isca de uma marca pouco conhecida ou da marca “marba” (mais barata!) e ela se revela “uma matadora”, só sendo levada para casa depois deste teste (que admito ser quase desnecessário para marcas famosas; mas ainda assim, se testarmos mais de uma, uma delas se revelará superior a suas irmãs gêmeas). Já vi vendedores torcerem o nariz e outros pescadores me “zoarem (coitados, ainda não leram este artigo)”, mas prefiro ser “cara de pau” do que comprar uma isca que nem levo quando vou pescar. Se você achou exagero, digo que já vi à venda um popper que afundou como uma pedra quando testado (ainda bem que testei antes de comprar), e também comprei um “plug” de barbela curta que com o peso de um encastoamento leve não rebolava de jeito algum (ao testá-lo sem encastoamento ele ficava quase paralelo à superfície da água, embora tivesse boa flutuação).

Obs 1: Uma isca como a “papa black”, que não pode ter aberta sua embalagem sem ser danificada, pode ser avaliada pelo “rattling” (chocalho) ! Basta comprar a que tiver o “rattling” mais agudo – o som de uma areia meio-metálica.

Obs 2: Evite usar isca de madeira para traíra ou qualquer predador dentado, ela pode partir, ou simplesmente ser arrasada, durando pouco.

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