Mesmo que
sujeito a variações (o importante é se inteirar das condições que uma traíra
levará em conta para definir quando e onde ela estará ativa), em acordo com
condições observáveis; o relato feito a seguir, baseia-se na minha experiência
e observação (nesta última principalmente). Ao menos quando está quente e a
água não está barrenta (época de reprodução), as traíras têm uma “rotina diária”
de:
1 – Ao
entardecer, quando percebemos que superfície da água está coalhada de lambaris,
que se agitam nessas horas ao procurarem mosquitos que caem na água, geralmente
entre 15:00 h e 18:00 (depende do calor e da luz ambiente, entre outros fatores),
elas ficam nas sombras das vegetações marginais, espreitando...
NOTA: A isca
artificial “papa-black” é especialmente eficaz nestas horas por imitar um
lambari, se for trabalhada bem junto ao abaixo da vegetação. Outra opção é uma
isca “magrela” parecida com uma pequena traíra, que espantará as presas e
irritará a traíra “dona da vaga” e a fará atacar para defender seu território.
Sem esquecer das iscas de superfície...
O início deste
momento é variável, mas ocorre com uma redução da luz (não é difícil perceber
este momento, e no caso de dúvida basta avaliar como está a claridade e
memorizar; ele ocorre quando a superfície da água fica com aquelas ondinhas
características de peixinhos agitados) em relação ao meio dia (as traíras vão
assumindo “suas posições” sob a vegetação pouco antes deste momento). O fim
deste momento é ao crepúsculo; pois as traíras têm grande facilidade em se
alimentar nestas horas, já que os lambaris acabam “dando mole” ao procurarem os
mosquitos que caem na água. Tanto é assim, que onde costumo pescar, escuta-se
alguns “tibuns” de traíras atacando os lambaris (bem na beiradinha, no geral);
entre 18:00 e 19:00 hs, logo após a mosquitada se assanhar (aquela “revoada” de
mosquitos querendo nos chupar o sangue).
2 – Início da
noite: Este momento começa quando o Sol se põe (o céu ainda está azul, mas ele
já está oculto pelo horizonte) e acaba quando o Sol deixa de influenciar a cor
do céu (1 hora, ou mais, após o pôr do Sol astronômico). Neste momento, apenas
iscas colocadas embaixo da vegetação costumam ter resultado (pode ser um plug
de meia-água, uma rã de silicone,...)!
Eu observei com
traíras que elas evitam atacar iscas de superfície, e até iscas de meia-água
(se não forem trabalhadas bem embaixo da vegetação) quando o Sol está nascendo
ou se pondo (nos momentos em que o Sol está atrás do morro, mas ainda é dia).
Penso que seja para evitar "estragar o pesqueiro delas"; já que
nestes momentos, as presas delas estão extremamente ativas (assim como a
mosquitada)..., pois neste momento, os pequenos estão fazendo de tudo para
comer os insetos, ficando bem na beiradinha; muitas rãs acabam dando mole para
a dentuça... Pode ser também que elas estejam de "barriga cheia"; ou
que devido a esta facilidade em se alimentar; elas evitem fazer grandes
esforços em capturar uma presa...
3 – Entre 19:00
e 22:00 h, as traíras repousam de barriga cheia, mas os lambaris são obrigados
a procurar um esconderijo para passar a noite, no meio da vegetação. Este
momento começa com o fim da hora da mosquitada, sendo uma boa oportunidade para
as traíras que se enfiem na vegetação, mas não é bom para iscas artificiais, já
que as traíras estarão ativas apenas nos limites do capim “braquiára”, isto, se
não estiverem de barriga cheia. Quem pesca de anzol poderá observar que ocorrem
várias ações neste horário ou pouco depois dele, mas apenas de traíras com até 1,3 Kg que não se
alimentaram o suficiente por não conseguirem ficar nos locais mais favoráveis.
Quanto maior for a traíra, maior será a chance dela estar de barriga cheia e/ou
longe de nossas iscas...
Nota: Ultimamente;
o momento mais escuro da noite tem costumado estar entre 20:00 e 21:30; o que é
uma desgraça, pois não mais escurece como antes... Deve ser o aquecimento
global e as mudanças climáticas...
4 – Hora da “Técnica da Grande Traíra”: Quando e se escurecer de vez (se
não houver luar, nebulosidade...), geralmente ocorria entre 21:30 e 02:00 h,
até as menores traíras são obrigadas a se esconder. As grandes ficam algum
tempo vendo se algum peixe pequeno que ainda não tenha se escondido passa por
ela na tentativa de alcançar a vegetação rasa e fechada. Depois elas passam à
busca ativa, nadando lentamente, dando preferência às vegetações mais densas,
mas percorrendo também os lugares mais rasos do capim “braquiára” (na medida em
que seu tamanho permita, pois o capim ‟„braquiára”
é bem fechado). Neste momento, qualquer vítima ou isca que lhes chame atenção
será abordada com uma aproximação furtiva bem lenta (geralmente por trás, ou
por baixo junto ao fundo), e com um instante explosivo, se em algum momento a
isca estiver ao alcance, através de um bote certeiro.
De todos os
predadores de água doce, a traíra é a que mais e melhor avalia sua chance de
sucesso antes de atacar, por isso devemos lançar no mesmíssimo lugar para “facilitar
sua vida” – apenas neste horário e se escurecer de vez é que se deve lançar no
mesmíssimo lugar, no geral devemos percorrer as margens lançando várias vezes
em um lugar, partindo para outro após uns 10 minutos (ou mais tempo ainda, se o
local for promissor).
NOTA: Após
conseguir alguns lançamentos bem junto ou mesmo abaixo da vegetação, no caso de
não se ter um ataque ou após perder o peixe com uma isca artificial de sete cm,
ela entrará novamente umas três vezes numa de meia água (tipo “papa-black”), ou
após ver o pescador, a traíra mudará de lugar se espantando neste processo de
ferrar e perder. Poderá então ser capturada com uma isca “magrela” e grande (10,5 a 14 cm , dependendo do tamanho
da traíra que escapou; e se você souber dizer para onde ela foi) que imite uma
traíra (neste momento ela espera encontrar a antiga dona da “vaga”, atacando-a
como forma de disputar o território).
Após capturar
uma traíra e acender uma lanterna, é muito difícil que se capture outra grande
(com mais de 1,3 Kg )
no mesmo lugar! Talvez até por alguns dias, pois o território (ou “vaga”)
deverá ser novamente disputado e ocupado por outra grande traíra! Como elas só
costumam rodar na escuridão, espere passar uma noite de escuridão absoluta para
ter certeza de que haverá outra grande neste mesmíssimo local. Como andar de
barco pode espantar os peixes, a menos que as remadas sejam cuidadosas, talvez
o melhor seja ir para casa (se você conhecer bem o local, pode ser viável mudar
de lugar e continuar pescando...), até porque é raro encontrarmos duas grandes
no mesmíssimo local (elas só se unem no momento de desovar). Pescando à noite,
andando a pé ou de barco, faça-o com cuidado, em silêncio, e no escuro! Isto
fará a diferença!
Se houver luar e
não estiver frio é quase como pescar de dia, embora seja mais difícil enxergar
para fazer um lançamento preciso! A traíra estará com sua janela de ação (distância
na qual ela acredita que seu ataque deverá ser bem sucedido) um pouco alargada
(em relação ao dia). Ainda assim, o melhor é passar a isca em baixo da
vegetação , possibilitando um provável
sucesso!
Quanto mais
escuro, maior será a janela de ação (mais fácil o peixe achar que a isca está
ao seu alcance e atacar) e mais difícil fica o refugo (quando o peixe ataca,
mas no último momento ela desiste por reconhecer a isca como artificial, pois
ele memorizou uma “experiência traumática anterior”). Parece que à noite, o barco
espanta menos as traíras, por ser menos visível; mas se não houver luar ou
outra luz, fica quase impossível explorar mais de um lugar por não enxergarmos
nada (a menos que se conheça muito bem o local).
OBSERVAÇÃO: O
local deve ser bem conhecido e o pescador deve ser experimentado para pescar
com artificial à noite com bons resultados, especialmente em noites sem luar,
pois fazer qualquer barulho ou mesmo acender uma lanterna sobre ou próximo à
água é suficiente para assegurar que não vai bater nada.
""" Dito e feito, palavras que lembram muitos pescadores, principalmente em represas, os pescadores constroi barracas, com cores claras, ou imitam cores claras, isso só vai espantar os peixes,
ResponderExcluirErros de uma pescaria mal sucedidas, carracas claras,lampião claridade ecessiva sob água, falação...não pega nada,,
Pescaria de sucesso, noite escura, silêncio, caridade mínima, uma bom seva, iscas vivas, ou massa...Boa pescaria...Carlos de Extrema MG...
Exatamente, pescaria bem sucedida é SEMPRE se atentar aos DETALHES, eles fazem toda a diferença.
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