OCAMBÉ PAPA-BLACK: Não tenho dúvida
alguma que a melhor isca para traíras de mais de 1,5 Kg é a “Papa-Black” (sempre
que for possível a passar por baixo da vegetação). Ela também permite pegar
traíras menores, mas as perdas são freqüentes. As razões para usar esta isca são seu baixo preço, sua ação que simula um
lambari (tão natural que é capaz de provocar seguidos ataques do mesmo
peixe à mesmíssima isca, no caso dele escapar), e a
ferrada dupla (as 2 garatéias ferrando juntas, não escapa de jeito algum) de grandes traíras.
Com ou sem “popper”
na cabeça (custei, mas agora consigo fazer o “pop”, dá-se um “tranco” no
início do recolhimento, exige sensibilidade para perceber o momento exato dessa
puxada, pois a isca afunda rápido enquanto estamos esticando a linha).
Descrição: quase um “cranckbait” (gorducha,
mas achatada lateralmente) de barbela curta com chocalho (isca flutuante de
ação de meia-água), confeccionado em fiberglass, garatéias reforçadas. Fabricante:
Artefatos Ocambé (Curitiba – Paraná). Tamanho: 7 cm / Peso: 10 g .
Uma traíra bem
grande pode se ferrar nas 2 (dentro da boca) que ficam para trás mais ou menos juntas (como a garatéia ventral
tem 2 argolas tem mobilidade suficiente para ser sugada junto com a outra,
aliás, uma modificação recomendável a qualquer “plug” de barbela é usar 2
argolas na garatéia ventral), além de terem tamanho razoável (recomendo atenção
para que a linha não afrouxe quando ferrar o peixe, pois uma traíra de menos de
2 Kg pode
escapar por estar presa por uma única garatéia).
A isca com “popper”
tem um inconveniente, já que a “frente” de uma “papa-black” afunda com o peso
do distorcedor, o que não atrapalha a ação de meia-água (embora faça a isca
afundar mais quando trabalhada), mas deixa o “popper” submerso. Se realmente quiser
usar o “popper”, use encastoamento e distorcedor bem leves. Na verdade, a “papa-black”
tem um “ótimo problema”, sua profundidade de trabalho excessiva quando o
encastoamento é pesado (a frente da isca fica afundada, só aflorando a
ponta do rabo da isca), mas eu sempre a uso dessa forma (exceto em lugares
muito rasos, onde será providencial a “papa-black” com “popper”), pois isto é uma excelente oportunidade para usar um trabalho
interrompido (mesmo abaixo da vegetação).
A utilização dessa
“papa-black” com “popper” serve também para a isca
retornar a sub-superfície ou mesmo a superfície, dando mais chance ainda da traíra
atacar, ou para se obter um trabalho em maior profundidade passando a
isca em baixo da vegetação. Regule o afundamento para a isca não afundar demais
ou de menos (a isca fica na horizontal) com o peso do encastoamento + snap +
distorcedor.
Observação
importante: as garatéias das “papa-black” são ótimas, mas
relativamente delicadas (eu tolero essa “delicadeza” por serem garatéias
fininhas e que enterram fácil, evitando perder o peixe) e poderão começar a
entortar se for tentado erguer uma traíra a partir de 1,5 a 2 Kg (de 2 Kg para mais, as garatéias
sempre entortam) se erguer o peixe, mas dá para tirar o peixe com segurança se
usar um puçá; é só não erguer o bicho para fora d‟água;
se erguer rapidamente, só a garatéia é perdida, o peixe fica).
Tenha garatéias de
reserva e as troque se elas abrirem um pouco que seja (a próxima
traíra pode ser perdida se não for trocada a garatéia meio-aberta, pois ela
acabará de abrir ou pode se quebrar). Se você não encontrar estas garatéias originais à venda,
pode usar outras; pois a “flutuação” desta isca é ótima, e ela
continua boiando mesmo com garatéias mais pesadas, embora possa prejudicar um
pouco o trabalho.
Uma fricção
muito “dura” pode entortar estas garatéias também, cuidado com os detalhes...! Às vezes, a traíra enrosca ou a linha embola e agarra nos
passadores, e se a linha não estourar, as garatéias da “papa-black” estourarão
com certeza.
Em águas barrentas é opção usar uma isca que contenha o
negro ou outra cor não muito luminosa (a cor branca com cabeça vermelha é um
clássico por se destacar em qualquer situação, tendo a vantagem adicional de
provocar mais ataques por trás, suscitando melhores ferroadas cor: 07).
Mas águas
barrentas não são bom lugar para traíras, só uma traíra desesperada de fome (e
para estar com tanta fome, deve ser pequena) para atacar nesta condição de
águas barrentas (elas se recolhem para dentro da vegetação, onde a água fica
mais limpa, aproveitando a “oportunidade” para reproduzir). No caso desta isca,
a opção de cor branca com cabeça vermelha é
preferível a uma de dorso preto (aspecto quase natural para o peixe, mas
pouco chamativo).
Na prática, eu considero suficiente apenas o uso das
cores 10 (prata minha cor favorita, especialmente
para o dia ou sob luar, pois o brilho metálico somente seria visto na
natureza se “o lambari” estivesse de lado por estar ferido, e a traíra sabe
disto, que aliada a um “trabalho interrompido” pela isca, reforça esta
impressão) e 20 (ou outra cor luminosa e chamativa, para a escuridão). A escolha da cor depende da situação de
visibilidade (quanto mais turva e quanto mais escuro, mais chamativa, mas
lembre-se de que água muito barrenta não é boa para traíras ), ou seja, em águas límpidas e com boa luminosidade,
use uma isca toda prateada (lateral prata, dorso e ventre prata fosca igual
a um carro prata metálico referência da cor: 10). Use “o lambari anêmico” em
qualquer situação, especialmente em noites bem escuras: cor prata (lateral) e “superbranco”
(dorso e ventre; referência da cor: 20).
Um capricho a mais é providenciar a pintura
da pontinha do rabinho da “papa black” com tinta automotiva na cor
superbranca, ou na cor da isca. Tornando-a mais chamativa quando vista por
trás, facilitando o ataque (“por trás” é a posição de ataque que mais resulta
em dupla ferrada).
MARINE SPORTS
INNA: Quando executamos a técnica para pegar a maior traíra que
estiver dentro da água (“Técnica da Grande Traíra”), na completa escuridão,
usa-se também as “papa-black”, mas eu prefiro usar os plugs de barbela curta
alongados (“shallow runner”). No
caso da traíra, a minha isca favorita para as realmente grandes (uso na
escuridão) é uma isca MARINE SPORTS INNA
70/38, isca para meia-água, com efeito sonoro (“rattling”). Tamanho: 7 cm / Peso: 8,5g / Cor: 38
costas – preto; lateral – prata (holográfico), ventre – branco (outras cores e
outras iscas podem ser usadas também).
Esta isca parece uma pequena traíra, no
tamanho exato para ser fatalmente engolida por traíras de mais de 1,3 Kg , obtendo uma
ferrada dupla (se a vítima for menor de 1,3 Kg , é quase certo que escapará por não
engolir a isca e se ferrar em uma única garatéia). Por ter aspecto natural, é
irresistível para uma traíra ativa que esteja defendendo sua prole (na época de
reprodução). Sua ação é oscilar para os lados de tal forma que quando olhada de
lado parece mudar de cor (semelhante a uma colher em trabalho lento), sem ter
movimento excessivo, parece uma trairinha. Ela não recebe tantos “strikes”
quanto uma “papa black”, mas a ferroada dupla (de traíras de mais de 1,3 Kg ) é fatal, é segura
mesmo, não escapa de jeito algum!
No caso de plugs
pequenos, que se pretende que sejam engolidos inteiros, use duas argolas para
prender a(s) garatéia(s) ventral(is) pois isto melhora a orientação da garatéia
e favorece sua ferroada, ainda melhorando o trabalho da isca (o peso da
garatéia fica mais longe da isca, deixando a isca mais livre para trabalhar). Deixe
uma ponta virada para frente e duas para trás (algum leitor poderia pensar
ser necessário apenas um anzol pequeno, mas as outras duas pontas da garatéia,
embora não ferroem nada, servem para que o peixe sugue esta garatéia para
dentro de sua boca já que um anzol pode se virar para frente e não ferroar nada).
Ferroadas ao redor dos arcos branquiais são comuns com pequenos plugs de
meia-água e, mesmo com garatéias bem pequenas, são muito difíceis de soltar,
especialmente se a ferroada for dupla, pois quando a garatéia ventral se
prende, mesmo ferroando a língua, estabiliza a garatéia caudal (que está presa
no arco cartilaginoso perto das brânquias), sendo inútil qualquer esforço do
peixe em se soltar (cuidado com o enrosco).
Apenas se
certifique de usar garatéias reforçadas, pois elas podem abrir ou
quebrar (troque qualquer garatéia que abra um pouco que seja, na próxima
ela quebra)! Na foto, uma Marine Sports
INNA 70/38 que já “quebrou o dente” de muitas traíras com a “Técnica da Grande
Traíra”, (Embora esteja toda “escabufada” esta isca mantém sua holografia
graças à proteção de esmalte de unha após cada pescaria, o melhor vedante que
existe):
Usada com um
pequeno girador sem “snap” (como sempre, precisa boiar). Costumo fazer um risco preto com caneta de retro-projetor em sua
lateral (e novamente coberta por esmalte de unha incolor) para dar melhor percepção de movimento.
Isto pode ser feito em todas as iscas alongadas (shallow runner), que oscilam
lateralmente. Como a isca parece piscar quando olhada de lado, este risco a
fará piscar duas vezes mais, além de simular melhor uma “trairinha” (o que faz
esta isca ideal para uma traíra que defende seu território)! A garatéia caudal
é uma “Kenzaki 4X prateada” (a
original da Aicas Class Samurai), assim usada para melhor simular a nadadeira
da isca. A garatéia ventral zincada é idêntica à original da “Ocambé Papa-Black”,
como esta garatéia não faz parte da “anatomia normal” de um peixe, não deve ser
chamativa (na minha opinião). Outra
forma de tornar aparente a garatéia traseira é pintá-la com esmalte de unha
branco ou prateado, mas não pode pintar a ponta da garatéia para não atrapalhar
a ferroada!
Como nem tudo
são flores; aumentar o tamanho das garatéias, como mostrado, pode deixar a isca
mais rápida (ela precisa de maior velocidade de recolhimento para obter o mesmo
volume de trabalho). No caso da garatéia ventral, o uso de 2 argolas compensa
parte deste aumento de peso por dar a isca “mais liberdade” para trabalhar; no
caso da garatéia caudal, o melhor é manter o tamanho e/ou o peso original da
isca.
ISCA MARINE SPORTS INNA 70
Cores: 02 –
corpo: branco (costas e ventre – branco, lateral – branco holográfico), cabeça:
vermelha ;
03 – corpo:
prata e costas verde limão. 34 – corpo dourado e costas (e a cara) pretas.
Para traíras
pequenas, de menos de 1,3 Kg ,
iscas INNA de 7
centímetros não são adequadas ! Caso contrário, eu
prefiro pescá-las com a “papa-black” (garatéias maiores), com iscas grandes (como
a INNA de 10,5 cm ),
ou com um “shad de silicone” (veja adiante em iscas de fundo), pois será
difícil achar uma isca com menos de 7 cm , que bóie com o peso do encastoamento,
distorcedor, linha...
Nota: A
experiência diz que garatéias pequenas funcionam muito bem, desde que pelo
menos duas ferroem o peixe! Se ele não engolir a isca, possivelmente escapará!
“Plugs bem
grandes de barbela curta (melhor magrelas)”, podem ser usados, com a vantagem
de permitirem maior distância de lançamento por serem mais pesados. Recomendo
seu uso, em especial, quando as condições aqui expostas não puderem ser
seguidas à risca (sobretudo no tocante à escuridão absoluta), pois não se sabe
se a traíra “que bater” terá condição de abocanhar a isca de 7 cm , mas estas fazem
excessivo barulho ao cair na água (lance depois do local onde se espera que a
traíra esteja), e terão de ter garatéias bem grandes e fininhas para fixar o
peixe fora da boca (sempre que se use garatéias grandes, é recomendável o uso
de linha de multifilamentos). O peixe vem grudado pela barriga, não precisando
usar garatéias reforçadas (que são pesadas em relação ao seu tamanho). Prefira as grandes e bem fininhas, pois a
ferrada será fora da boca (lembre-se de verificar se a isca e encastoamento
flutuam com as novas garatéias, já que as originais não são boas para este uso.
Aliás, o difícil mesmo é conseguir garatéias verdadeiramente adequadas para
este uso, superfininhas).
É temerário
fazer longos lançamentos na escuridão (pode-se lançar no enrosco ou até no
mato). Use esta isca de dia ou com luar. Já peguei traíras de vários tamanhos,
sendo uma delas menor que o dobro do tamanho da isca (que foi solta, é claro)!
Outra tinha 1.825
gramas , sendo pega com a passagem da isca por baixo da
vegetação “santa luzia” (técnica descrita adiante), e o uso de barco e o indispensável puçá (ou passaguá).
Se for o caso de
iscas relativamente grandes, bem “magrelas”, e de duas ou três garatéias (grandes
e finas) que possam ferroar por fora da boca (a isca é mordida entre as duas
garatéias). Se realmente forem finas, quase sempre se pode obter uma ferroada
dupla, que embora seja por fora da boca, é uma ferroada segura. Ocorre que o peixe tromba com a isca quando a ataca e fica
grudado nela. Habitualmente, o peixe parece se render à dor de uma
ferroada destas em sua barriga, se entregando rapidamente, pois sua luta
resulta em rasgamento de locais sensíveis. O difícil neste caso é encontrar
garatéias apropriadas, grandes e de haste curta (“wide gap”) superfininhas (1X). Como o essencial é que as garatéias sejam
fininhas, regule “a embreagem” para não as abrir (devido à dor causada por esta
ferroada, a traíra se entrega). Se ainda assim o peixe se ferroar dentro da
boca com apenas uma garatéia, espere uma boa briga (cuidado com enroscos e
“estouros das garatéias”).
Observação:
a posição da garatéia ventral, a mesma de quando se pretende uma ferroada
dentro da boca. Neste caso, quase que impede ferroadas
dentro da boca, já que nenhuma traíra engole uma isca deste tamanho! Como a
idéia é o peixe morder, trombar com a isca, e ficar “grudado”, isto é benéfico!
A tendência da traíra é atacar por trás, “ultrapassar” a isca, invertendo a
garatéia ventral, aí fica fácil ferroar, visualizou? Atenção: a isca só servirá
para este uso se for magrela, e suas garatéias forem bem grandes e fininhas (melhor,
com linha de multifilamento)!
Ainda em tempo,
alguém aí observou que de tanto as traíras morderem no mesmo lugar dá para ver
uma mancha marrom no lugar onde os dentes costumam pegar na isca?
ISCA ATAKY KIKY 65 (6,5 cm e 6,3 g ): Não tive ainda o
prazer de usá-la, mas a achei perfeita para pescar à noite. Só deve dar algum
trabalho para equilibrar a flutuação com o peso de encastoamento, distorcedor,
e garatéias.
YO-ZURI 3D FLAT CRANK (5,5 cm ; 7,5 g ; cor: TM – branca):
Só possui um único grave defeito que é (nas palavras do vendedor) o “sistema de
“Efeito Holográfico 3D”, sistema único de reflexão de luz natural, da à isca um
aspecto incrível de vida”, sistema esse que se resume a umas lâminas espelhadas
nas laterais dentro da isca, tornando esta isca muito pesada limitando sua “flutuabilidade”
e sua capacidade de carrear peso (o peso de garatéias reforçadas; e
encastoamento, distorcedor)! Se você não entendeu o problema, tente usar esta
isca com um encastoamento leve e ela afundará. Se fabricarem esta isca “sem
esta frescura” eu a recomendarei, pois não encontro nenhum outro defeito (a não
ser as delicadas garatéias originais, que poderiam ser trocadas se a isca
tivesse maior “flutuabilidade”). Observe que a “papa-black” possui um “papel
alumínio” (acho que é de papel alumínio) nas laterais, e isto não prejudica a “flutuabilidade”
por ser muito leve.
COTTON CORDEL BIG „O‟
(2‟
ou 5,08 cm ,
2 ¼‟
ou 5,72 cm
e 3‟
ou 7,62 cm ):
Isca totalmente gorducha (a forma mais racional de otimizar sua capacidade de
“carrear peso como garatéias e encastoamento”, limitando o volume ocupado pela
isca), possui dois defeitos para traíras, ou seja, trabalha em profundidade
excessiva (o que é oportuno para um trabalho interrompido), e não se parece
muito com um lambari, embora seja capaz de ferrar duplamente traíras a partir
de 1 Kg (a
de 5,08 cm ),
1,3 Kg
(a de 5,72 cm ),
e 1,7 Kg
(a de 7,62 cm ,
não recomendada para traíras).
Sua vantagem é
ter tamanhos diversos menores que uma “papa black”, embora o trabalho não se
pareça tanto com um lambari. Se for usá-la, evite longos lançamentos e recolha
com a ponta da vara levantada para evitar que afunde demais; ou use o
recolhimento interrompido. Recomendo então trocar as delicadas garatéias
originais por outras, idênticas às da INNA ou as da “papa black” (zincadas e
reforçadas, em acordo com a flutuação e “encastoamento” versus afundamento /
profundidade pretendida).
Muitos não
concordam comigo, mas iscas “balanceadas” (que têm uma bilha de metal, que vai
para o rabo no arremesso e para frente no trabalho; embora sejam iscas da moda)
não têm nenhuma vantagem sobre iscas não-balanceadas. A isca “floating” (que
flutua) deve boiar sempre, sob pena de prejudicar o trabalho, ou reduzir nosso
controle sobre o afundamento da isca. Portanto, quanto maior a “flutuabilidade”
da isca, maiores garatéias e mais pesado encastoamento esta isca poderá
suportar. Isca balanceada significa isca que carrega peso morto!
Uma COLHER YANKEE MINI com ANTIENROSCO é uma
boa isca para traíra, embora não seja muito natural e não enseje muitas
ações (uso eficiente apenas na escuridão), tendo a seu favor poder ser
trabalhada de forma super lenta (a mais lenta de todas as iscas de meia água,
mas depende da velocidade para não afundar demais, use em lugar fundo e puxe
assim que tocar a água para evitar que afunde muito) e antienrosco (não adianta
comprar se não tiver um bom antienrosco, e o melhor antienrosco é um arame
duplo fininho que abraça a ponta do anzol), podendo dar bons resultados na hora
da escuridão (quando não mais enxergamos e podemos lançar no enrosco! Em outros
horários seu aspecto prejudica sua eficácia).
Quando a
vegetação de “santa luzia” está permeada por capim “braquiára”, e ficam umas “pontas
de braquiára” sobrando para o meio da água, uma colher com antienrosco passa a
ser a primeira escolha (opção) até porque a isca se manterá próxima à
superfície graças ao apoio dado à linha pela vegetação (também é a primeira
escolha se estiver aprendendo a dominar iscas artificiais, ou em locais não
muito bem conhecidos com enrosco imprevisível). Não deixe faltar na sua caixa
de iscas! Sua maior desvantagem é que ela não tensiona muito a linha em
trabalho lento, que se for enrolada “frouxa”, acabará “embolando”...
Seu uso é mais
tolerante aos erros de lançamento por não enroscar, mas o trabalho de
subsuperfície, de 30 a
60 cm de
profundidade é difícil de ser alcançado e deve ser “ajustado” pelo recolhimento
(observe que um “plug” flutuante de barbela curta é mais fácil de manter na
profundidade adequada). Use uma colher de anzol 4/0 ou 5/0 para traíras
pequenas (uso crepuscular), e use uma de anzol 6/0 ou 7/0 para traíras grandes
(uso na completa escuridão). A colher tem a vantagem de permitir que usemos
anzóis grandes por ter volume relativamente pequeno e devemos usar essa
vantagem, já que uma ferroada segura é algo mais que desejável em local com
muito enrosco.
A colher tem
diversos formatos, o melhor é o mais largo junto ao anzol, pois ela “nada” mais
na horizontal (salvo colheres pequenas, que ficam mais ou menos na horizontal
de qualquer jeito), e o peixe tende a morder uma isca qualquer onde ela é maior
ou se mexe mais. Note que uma colher não costuma precisar de encastoamento
propriamente dito, uma linha de flúor grossa basta, pois ela sempre deve ter o
distorcedor (que pode funcionar como encastoamento, se tornando numa vantagem
desta isca). Devido a sua tendência a girar, recomendo somente usar uma colher
com um distorcedor de rolamento, de preferência discreto e preto para não
espantar, nem fazer a traíra desprezar a parte do anzol (atacando o distorcedor
ou a frente da colher) e que seu trabalho mais correto é de oscilação e não de
giro.
Puxe
continuamente e bem devagar para evitar o giro, mas rápido o suficiente para
não afundar demais. Seu trabalho em maior profundidade pode ser útil sob vento
ou chuva e em locais mais profundos. Se a colher esbarrar levemente no fundo de
lugares rasos não tem problema algum (a não ser que isto pode atrapalhar o
ataque, ou simular um bagre e desencorajar o predador) e até pode ajudar a
manter a profundidade. Se ela, contudo, arrastar no fundo, troque a isca ou
recolha com a ponta da vara para cima e mais rápido quando passá-la por onde
isto ocorre.
Obs 1: Uma
colher com um bom antienrosco é excelente isca para dourado em corredeiras (melhor
que para traíra, já que a profundidadede trabalho e o aspecto deixam de ser
problemas). Tem uma colher da marca YANKEE a qual possui um excelente
antienrosco, sendo a colher média (anzol 7/0) adequada para grandes traíras e a
pequena (anzol 5/0) boa para traíras em geral.
Obs 2: O
aspecto de uma colher é chamativo, mas artificial ! Não é difícil que um peixe
a evite se ele estiver “acostumado com iscas artificiais”. Embora seja uma isca
de meia água, seu uso deve ser mais junto ao fundo e/ou na escuridão, tudo que
ajude a disfarçar seu aspecto pouco natural (vegetação abundante, escuridão,
água barrenta...). Uma boa técnica é lançá-la sobre a vegetação “santa luzia” e
puxar bem devagar (chamando a atenção da predadora). Quando ela mergulhar,
mantenha a linha esticada com a menor tensão possível por dois ou três segundos
(a tensão da linha a fará o trabalho conhecido como helicóptero, assim a traíra
pode atacá-la neste mergulho), e recolha regulando a velocidade para evitar que
afunde demais.
Se você tiver a
habilidade e materiais necessários, poderá aumentar o anzol de sua colher. A
vantagem é possuir uma colher pequena e capaz de ferrar com segurança peixes de
diversos tamanhos evitando que o peixe escape por ser grande para o anzol, ou
pequeno para a colher. Deve-se começar pela reunião do material necessário!
Para fazer o “antienrosco” use alicates de entortar arame (alicate de
ortodontista ou técnico em prótese dentária), arame duro (rígido) de 0,35 mm (do tipo para
encastoamento vendido em lojas de pesca servirá para fazer o antienrosco da
colher pequena) ou de 0,50
mm (para a colher média). Você poderá usar uma colher de
pesca a qual receberá a modificação (as primeiras colheres eram feitas de
colheres de comer e nada impede de as usarmos, embora dê ainda mais trabalho!),
parafuso e porca inoxidáveis para a fixação do anzol e antienrosco, e
equipamento para perfurar a colher na medida do parafuso. Daí para frente é mão
de obra!
Observe que o
anzol deverá ser reto (algo difícil de encontrar hoje em dia, devido à moda de
anzóis tortos), o parafuso deve passar no olho do anzol, e o antienrosco pode
ser aproveitado, junto com o parafuso e anzol, de uma colher maior (o anzol que
vem em uma colher maior é o ideal, por ser reto e por vir com o antienrosco já
dobrado e parafuso inox com porca).
Primeiramente, o
anzol deverá passar no buraco que sai na parte traseira da colher! Alargue o
buraco virando-o para cima (use um motor de dentista, técnico de prótese
dentária, um motor ou uma lima de ferreiro, isto permitirá que o anzol fique o
mais junto da colher possível, evitando más ferradas), e introduza o anzol
neste espaço fazendo o novo furo para colocar o parafuso numa posição em que
permita o anzol ficar um pouco mais para tas (acima de onde estava o anterior -
remova as farpas da haste do anzol se estas atrapalharem). Certifique-se de que
o parafuso passa justo no buraco da colher e no do olho do anzol, e de que o
parafuso não sobra em excesso.
Na verdade, é meio complicado...
Na imagem,
apenas para exemplificar, já que esta colher foi preparada para um dourado. Em
baixo, uma colher YANKEE média com antienrosco (anzol 7/0), e acima, o ótimo
resultado de uma modificação especial para dourados (anzol 14/0, antienrosco de
aço duro 0,50 mm
que eu mesmo dobrei na mão). Observe a diferença entre os anzóis utilizados...
Os SPINNERS também são ótimas iscas! A
isca que melhor tensiona a linha é o “spinner”, especialmente se a lâmina for
do “tipo colorado” (lâmina quase redonda, gordinha), sendo esta a lâmina de “trabalho”
mais lento. São excelentes em noites de luar por trabalharem em velocidade bem
baixa (traíra menos ativa, isca mais fácil de morder) e por aproveitarem a luz,
gerando um ótimo efeito visual, aliado ao vibratório que é fortemente atrativo
com o girar das lâminas (só não sei com que se parece, ou o que se passa na
cabeça do peixe, mas funciona! Deve ser o movimento que simula um peixinho ou
inseto “atolado para nadar”). Ao comprar, observe que as lâminas devem ficar
próximas a garatéia evitando a possibilidade da ferroada não acontecer pela boca,
pois é nas lâminas onde o peixe tem maior probabilidade de morder. Um “spinner”
modificado para ter o anzol o mais próximo possível das lâminas seria o ideal,
mas ainda não consegui estabelecer essa “forma desejada”!
O “spinner” e a
colher só não são as iscas mais eficientes para traíras (na escuridão de
preferência) por trabalharem no início do recolhimento em profundidade
excessiva, a mais de 80 cm
(dá para controlar a imersão do “spinner” melhor que o da colher). Mas sua
produtividade não deixa nada a desejar quando a profundidade não for problema (para
traíras, é!), ou se for controlada por um pescador hábil (não tem jeito, traíra
na artificial sempre exige grande habilidade). Ao lançar, por serem iscas mais
pesadas dão maior distância de lançamento, comece o recolhimento imediatamente
após a isca tocar a água, com a ponta da vara virada para cima e um pouco mais
rápido, para que não afunde muito.
Embora estas
iscas sejam polivalentes em termos de profundidade, isto só é vantajoso para
outros peixes que possam estar em profundidades maiores, nos obrigando a
controlá-la ativamente (se o lugar for profundo ou for de capim “braquiára”, a
traíra pode estar mais para o fundo, embora ela possa estar mesmo em local mais
favorável a ela, com vegetação flutuante). Conforme a isca se aproxime,
primeiramente diminua a velocidade de recolhimento, e quando ela chegar mais
perto vá abaixando a ponta da vara. Uma forma de incrementar o trabalho destas
iscas é quase que parar de recolher, para depois voltar ao recolhimento normal
(que é lento), tanto a colher como o “spinner” afundam, mas mantendo
ininterruptamente seu trabalho (só não podemos parar o recolhimento totalmente,
este trabalho é conhecido como “helicóptero”).
Teoricamente, o SPINNERBAIT seria uma grande opção
nesta situação (isca super-lenta e antienrosco), mas depois que três traíras
morderam as colheres, desprezando o anzol, eu desisti desta isca (todas foram
pegas trocando a isca). Se for tentar, use cores as mais luminosas possíveis,
como o amarelo-limão ou branco, para que o peixe morda o lugar certo. Usar um
anzol como trailer, travado por um pedacinho de plástico, é sempre recomendável
(os que vêm com iscas de luz química são ótimos, é só cortar um pedacinho e
enfiar de lado no anzol principal).
O “PENACHO”, que difere de um “STREAMER (a isca de fly)” por ter um
pequeno peso na frente do anzol e difere do “jig” pelo peso ser menor, trabalha
rápido demais e agarra demais para ser uma isca recomendável, mas tem
pescadores que a usam mesmo assim; eventualmente com bons resultados...
Fonte: Moacyr Sacramento
Agradecimento: Moacyr Sacramento
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