Usinas provocaram a maior mortandade de peixes de toda a história da
Amazônia
Em outros anos,
nessa mesma época, o fenômeno da piracema era a certeza da mesa do pobre farta
de peixes de todas as espécies, e a preços acessíveis. Hoje, o rio Madeira está
morto para a pesca profissional. “As obras de construção das usinas de Santo Antônio
e Jirau impediram a penetração dos cardumes. Sem a piracema, não haverá mais a
desova dos peixes que sobem o rio para gerar o alevinos e, com isso,
desapareceram o pescado nativo”, lamenta o presidente do Sindicato dos
Pescadores do Estado de Rondônia (Sinpesro), Valter Canuto, que já cumpriu sua
parte, impetrando uma Ação Cível Pública, a fim de sejam revistas e reavaliadas
as questões dos pescadores, “que enfrentam dificuldades por não saberem fazer
outra coisa, pois passaram a vida toda alimentando a população de Porto Velho
e, no momento, vivem à mercê da própria sorte, sem qualquer valorização e
reconhecimento pelos autoridades competentes”.
A preocupação de
Canuto reside no fato de que centenas de pescadores, hoje, estão desempregados,
enfrentando serias dificuldades. “O Sinpesro está preocupado também com o
descaso das autoridades para com os problemas dessas famílias tradicionais.
Todos os pescadores querem urgência sobre a divulgação do resultado da Ação
Cível Pública, impetrada pelo Sindicato, exigindo o pagamento de dois salários
mínimos para cada pescador profissional, por tempo indeterminado”, defende o
sindicalista, lembrando que as medidas mitigatórias não estão compensando os
danos ambientais provocados pelo Consórcio de empresas responsável pela
execução das obras do Complexo Hidrelétrico do Madeira.
Filiado à Força
Sindical, o Sinpesro defende a urgente necessidade de que ao pescadores sejam
ressarcidos financeiramente dos prejuízos causados pela mortandade de peixes do
rio Madeira.Caso contrario, só uma CPI para desvendar o enigma em que se
transformou o setor pesqueiro de Porto Velho. “Acabaram com a biodiversidade de
nossa fauna aquática”, lamenta o presidente do Sinpesro.
“A União faz a
força; junte-se a nós”, apela Canuto, conclamando a população de Porto Velho a
desencadear uma verdadeira cruzada para que seja reparada a degradação
ambiental provocada pela construção das usinas. Isto porque, quando ainda
existiam os chamados peixes nativos (ou seja, nascidos e criados na Bacia
hidrográfica do rio Madeira, através do natural fenômeno da piracema), a
população de baixa renda obtinha o pescado a preços mais acessíveis do que a
carne bovina, quando, atualmente, ocorre o contrário: o peixe é mais caro do
que a carne de gado, vendida nos açougues, mercados e supermercados da Capital
rondoniense. “Hoje, só existem peixes de cativeiro. Os peixes nativos são
importados do amazonas. Existe, na Amazônia, uma variedade incomparável de
peixes, provavelmente centenas de espécies no total.
Sexta-Feira, 20 de Setembro de 2013 /
10:46 - Atualizado em Sexta-Feira, 20 de Setembro de 13 / 10:59