As iscas Naturais:
Na
impossibilidade de usar as iscas artificiais de meia-água (principalmente pelo excesso de vegetação, ou quando não escurece, por
ser lua cheia ou pela nebulosidade, ou por estar muito frio para usarmos as
artificiais e até por dificuldades em conseguir trabalhar o lugar mais
promissor “de fora dele”, ou por falta de domínio das artificiais...),
devemos usar todo tipo de isca viva, se quisermos correr o risco de pegar uma
traíra que “faça vista”.
A melhor isca é o
lambari vivo (ou outros peixinhos), mas é difícil obtê-lo em
quantidade no anzol, principalmente se estiver fazendo frio... Para capturá-lo, olhar o tópico aqui no
Blog sobre Lambari. Onde eu pesco, os sarapós (tuviras) ficam animados
quando as traíras não estão (e vice-versa), e ficam roubando as iscas (por isso
a quantidade de lambaris não deve diminuir, mesmo sendo inverno). Já ao entardecer, com temperaturas mais
altas, tanto a mosquitada quanto os lambaris estarão mais ativos, sendo pegos
em maior quantidade.
O conhecimento
do local é muito útil nesta decisão, veja com quem está acostumado a pescar no
local se não conhecê-lo bem.
Parece-me não
fazer muita diferença se os colocarmos naqueles aquários portáteis ou num balde
(grande para que maior área de ar e água se ponham em contato). Ficarão vivos
por mais tempo, se pescados na vara, ou em covos.
Excelente opção é a armadilha feita com
garrafas plásticas de 2
litros – PET’s. Observe que a boca da garrafa deve ser
cortada no talo, embora seja necessário uma boa quantidade desta armadilha,
para que se capture lambaris em quantidade suficiente para a noite (uns 15 mais
ou menos). A boca do PET é cortada, assim como o corpo da garrafa que é
invertido e inserido no resto da garrafa. Esta armadilha foi originalmente
concebida por índios que faziam um cesto e tampavam sua boca com palha virada
para dentro. Recomendo usar esta armadilha, assim como qualquer tentativa de
capturar iscas, bem na beiradinha; pois os peixinhos parecem se concentrar na beirada
Se você tiver um puçá bem grande, tem um jeito muito
interessante de capturar os lambaris! Afunde o puçá com uma pedra dentro para
que ele fique “aberto, armado” o tempo todo. Coloque, ou melhor; cole, imprima
nesta pedra uma bala do tipo puxa-puxa (a bala da marca “Frutitella” é a melhor
para isso). Os lambaris irão entrar no puçá e vão ficar por lá até que esta
bala acabe (pode não demorar muito...).
Como os lambarís podem “ter dificuldade” em
achar a boca do puçá, uma forma de otimizar esta armadilha é usar uma vara de
lambari com isca, jogar esta isca na água e, lentamente, ir conduzindo estes
lambaris que rodeiam a isca até a boca do puçá. Aí, retire a isca da água e
veja os lambaris afundando e entrando no puçá!
Esta é a minha
forma favorita de capturar iscas vivas, pois se captura iscas de tamanho
mínimo! É só usar um anzol robaleiro bem fininho, com um pequeno peso junto ao
anzol para limitar a possibilidade da isca se esconder ou enroscar. Recomendo
mesmo!!!
OBS:
Confesso que me diverti nessa Moacyr Sacramento , hashuashuas.
O sabikí, um “varal”
de pequeninos anzóis ornados com asinhas, invenção de japoneses, funciona muito
bem. Para funcionar, recomendo adicionar pedacinhos de minhoca a cada anzol (o
cheiro atrairá os lambaris), ou dar toquinhos para que as iscas se mantenham em
movimento e pareçam vivas.
Opção de isca viva,
superada pelo lambari ou outros peixinhos, são pequenas rãs, embora
não funcione bem no meio da vegetação (ou o bicho se afoga, ou se esconde), ao
contrário do lambari. Para iscar é só passar o anzol nas suas costas e deixar
sair na barriga (quanto mais no meio do bicho, melhor), mas você deve ajudar o
anzol a sair da barriga usando a unha ou algo mais apropriado para apertar a
pele da barriga contra a ponta do anzol para não machucar muito o bichinho (toda isca viva deve ser tratada com
carinho para que continuem vivas por mais tempo). Introduza cuidadosamente
o anzol para não ferir os órgãos internos. Quanto menor for a rã, melhor isca
será. Se você tiver uma perereca (que
tem ventosas nas pontas dos dedos), você deve cortar as pontas dos dedos ou ela
sairá da água quando agarrar o que quer que esteja por perto. Eu achava que
um sapo daria dor de barriga, não funcionando; mas eu fui orientado por
pescadores que sapo funciona também. Sua captura é complicada, usando-se
lanterna para ver o brilho de seus olhos para localizá-lo, ou em poços onde
caem e ficam presos sendo pegos com um puçá com o cabo alongado por um bambu.
Outra opção de
isca viva é o “lacrau”, uma espécie de centopéia (um par de patas por segmento,
e cabeça parecida com formiga), muito usado para pescar piau. Sua mordida não é
dolorida, nem perigosa (não confundir com a lacraia que possui duas forquilhas
com um ferrão venenoso em cada). Sua colocação no anzol é pelo dorso, na união
da cabeça com o primeiro anel que serve de fixação para o “lacrau”, com resto
do corpo se procede como se fosse uma minhoca, o anzol deve seguir o meio do
corpo, sem se exteriorizar.
Um macete: A
ponta do anzol deve ser alojada em uma das duas “anteninhas” que se encontram
na extremidade posterior do corpo, dando maior estabilidade à isca.
Só tem três
ponderações quanto a seu uso:
1. Ele é encontrado em meio a pedras úmidas
próximas à água de algum rio,
2. Traíras grandes o podem desprezar,
3. Sua cor preta pode dificultar sua
visualização pelo peixe, diminuindo sua eficiência à noite.
Uma boa idéia seria usar aquelas iscas de
luz química, mas não sei por que não obtive nem um ataque quando tentei, deve
espantar ou ofuscar as ariscas e temperamentais traíras.
Também podem ser
usadas outras iscas como o minhocaçu, fígado e banha de galinha, coração, rins,
bolo de minhocas... Mas sua eficiência será menor! As traíras
pequenas (ou melhor, os peixinhos de aquário) aceitam melhor estas iscas
alternativas. Se quisermos pegar as grandes devemos nos esforçar para que o
cardápio seja o mais apetitoso possível. Sem dúvida a melhor isca natural é o lambari vivo.