USANDO ISCAS NATURAIS
Colocar o lambari vivo no anzol
é complicado, ele é delicado e morre facilmente, mas pode-se ver que não apenas
as pequenas, mas as grandes também apreciarão seu esforço em agradá-las. Como o lambari deve ficar fora do barro
do fundo, o uso de bóia é indispensável.
Existem várias técnicas, a
imaginação é o limite para os ângulos e as formas de passar o anzol. Eu prefiro iscar o
Lambari pelo nariz, atravessa os 2 pontinhos do nariz, como mostra a figura
abaixo.
Obs: Tentei
várias outras formas de iscar, mas nenhuma funcionou tão bem.
A idéia é que o conjunto anzol e
lambari devam ter pequenas dimensões, facilitando que o peixe os acomode dentro
de sua boca, e que o anzol seja grande o suficiente para uma ferroada segura.
A
grande vantagem desta forma de iscar é a grande mobilidade da isca.
Meu anzol favorito para traíras é um de tamanho 4/0, “all round (o mais
adequado para peixes de boca dura)”, encastoado com cabo de aço flexível para 30 lb , preferencialmente um
anzol que tenha uma haste curta, pois a haste do anzol pode servir de anteparo
à boca do peixe, fazendo-o morder o rabo e deixando a cabeça do lambari no
anzol, pela mesma razão o encastoamento
deve ser flexível (usado como descrito acima, com anzol “all round” 4/0 de
haste curta, costuma ferroar bem traíras a partir de 1 Kg e até de menos). Um anzol “robaleiro”
é o mais indicado para iscas vivas em geral e essencial quando a isca é pequena
(para não estourar ou ferir demais a isca); mas observe que a
fricção deve ser ajustada para evitar abrir este anzol. O uso de “elastricot” (linha fininha de elastano) para amarrar a isca
deve ser evitado, pois o aperto necessário para uma boa fixação mata
rapidamente o lambari.
Outra
opção, com o uso da bóia, é simplesmente passar o anzol na testa ou
transfixando sua boca. A grande vantagem será a grande mobilidade da
isca, e sua tendência a afundar e ter que nadar para poder voltar à horizontal.
Mas como a traíra morde com precisão, esta forma de iscar não é ideal para
traíras que não sejam realmente grandes (ela poderá morder a isca sem morder o
anzol). Quanto maior a vitalidade da isca, mais mobilidade ela terá, nadando e
deixando o anzol virado para trás (o ideal). Adicionalmente, a traíra é forte
e exige anzóis resistentes. Como estes anzóis são grossos, a isca estoura se
passarmos o anzol em sua testa e passar o anzol na boca pode matar a isca
sufocada (ela não consegue fechar a boca para bombear a água por suas
guelras).
Quando usar bóia, a isca viva pode
ser “descomportada” (o peixinho teima em se esconder), e uma forma de resolver
esse problema e usar a isca em meio à vegetação é somar um pequeno peso próximo
ao anzol, em um encastoamento curto e discreto, afundando a isca e evitando que
ela se esconda! Não exagere no peso, só o suficiente para a isca não ir
para o meio das raízes (o peso excessivo pode dificultar que a isca se
movimente ou que seja sugada pelo peixe). Pode-se também dar uma mexida na isca
de tempos em tempos, mas a isca já pode ter enroscado, pois deve ser usada em
meio à vegetação.
Recomendo usar um anzol de haste
curta (“all round” 2/0 a 5/0; ou um anzol robaleiro) para iscar vivo e um anzol de haste longa (“maruseigo” 3/0 a 5/0) para iscar morto (use o bom senso para
avaliar o tamanho do anzol, pois é só imaginá-lo dentro da boca do peixe).
Quando a
isca for grande, iscar morto dará melhor resultado (se o peixe não
estiver fresco, com guelras bem vermelhas, o resultado não será nada bom!
Melhor se o lambari ainda estiver vivo quando for colocado no anzol), introduza
o anzol pela boca do lambari, atravesse o osso da cabeça, procure passar o
anzol através ou próximo à coluna vertebral tendo o cuidado de dobrar o peixe
para que sua cabeça não estoure (se estourar, vire o peixe de forma que a haste
do anzol fique alojada no rasgo). A ponta do anzol deve ser alojada na ponta do
rabo, se estourar ou o lambari for grande para o anzol, aloje a ponta em sua
barriga (não precisa “esconder” o anzol, apenas evitar que o peixe morda a isca
sem morder a ponta do anzol). Novamente, as dimensões do conjunto isca e anzol
devem ser pequenas, já que a idéia é usar o maior anzol que não acrescente
volume à isca, evitando que o peixe não morda o anzol ao morder a isca. Pode-se
cortar ao meio um lambari grande demais, para poder iscar morto, mas preserve
ao máximo as escamas, como se ele ainda estivesse inteiro.
Para jogar a isca Na água, quando pescarmos
em meio à “santa luzia” compacta, remova algumas “santas luzias”, formando um
buraco de no máximo 40 cm
de diâmetro, use um bambu ou coisa parecida e procure pegar a planta por baixo
a colocando de lado (até pode ser em cima da planta ao lado). Então, esticando os braços e a vara, deixamos descer até
que a bóia atinja a água (tipo pescaria de festa junina). Se o buraco for menor
que 30 cm ,
dificultará que a isca passe pelas raízes; e se maior de 40 cm , facilita que o peixe
perceba o pescador. Os melhores pontos são onde a “santa luzia” encontra
o capim “braquiára”, que é terrivelmente “enroscante”! Deixe a linha curta e
esticada, de forma que a traíra não alcance a “braquiára” quando se ferroar.
Também pode ser interessante ficar próximo ao encontro da água livre com a
vegetação flutuante.
Uma
dica: Use a isca viva
cercada por iscas mortas por ambos os lados, pois quando a traíra se aproximar,
encontrará primeiro a isca morta, que ferroa mais facilmente traíras menores!
Se ela rejeitar esta isca e continuar andando, encontrará a isca viva,
atacando-a. Isto torna a pesca mais produtiva, simplesmente por podermos pegar
traíras de vários tamanhos.
O uso de
bóia sem chumbo, é recomendável. Ela deverá deixar o anzol de 40 a 60 centímetros de
profundidade, à altura dos ápices das raízes da “santa luzia”. Cuidado, a isca não deve tocar o fundo, nem ficar oculta em
meio às raízes. A profundidade do local é importante para o bom
funcionamento da isca. Se for inferior a 80 centímetros , a
traíra não verá a isca com facilidade e o lambari poderá ficar na lama,
morrendo rapidamente. Se superior a um metro e meio de profundidade, a traíra
não virá pelo fundo, e sim em meio à vegetação, dificultando que ache a isca (se
é que ela virá em local tão fundo).
O lugar ideal seria aquele em que
a sua vara alcance um lugar de 80 ou 90 cm de profundidade sem lançamento e que esta
profundidade não supere um metro e meio! Varas longas são vantajosas, visto
que melhoram o domínio sobre o peixe na hora de içá-lo e permitem que este
buraco esteja mais longe da margem. Varões de bambu também estão valendo,
embora o recolher da linha a deixando bem curta seja muito interessante.
Outra opção, para locais rasos, é
usar o chumbo antes da pernada, mas como o peso do anzol tende a deixar o
lambari na lama, não recomendo sem uma bóia. Se for pescar em lugar sem
muita vegetação, um macete muito produtivo é lançar rente à vegetação da margem
oposta (se o lançamento for mesmo rente à vegetação, a isca irá parar embaixo
desta vegetação), de forma que a traíra ferrada não tenha linha o suficiente
para enroscar. Procure usar chumbo pesado (50 gramas ou mais), para
que a isca afunde mesmo se acertar a vegetação. Procure treinar o lançamento
antes de escurecer para não ter de acender a lanterna sobre a água! Quando a
traíra “se ferrar”, ela tentará escapar em direção à vegetação próxima, o quê
dobrará a ponta da vara nos avisando que o peixe nos aguarda e completa o
serviço de ferrá-la. Puxe-a rapidamente, senão ela pode afrouxar a linha (se a
linha afrouxar a traíra pode escapar)...
Observação:
Não tente lançar em meio à “santa luzia” compacta, mesmo que a isca afunde,
pois se pode ter extrema dificuldade em puxar o anzol, mesmo sem a traíra.
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