terça-feira, 4 de junho de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 27

USANDO ISCAS NATURAIS

Colocar o lambari vivo no anzol é complicado, ele é delicado e morre facilmente, mas pode-se ver que não apenas as pequenas, mas as grandes também apreciarão seu esforço em agradá-las. Como o lambari deve ficar fora do barro do fundo, o uso de bóia é indispensável.
Existem várias técnicas, a imaginação é o limite para os ângulos e as formas de passar o anzol. Eu prefiro iscar o Lambari pelo nariz, atravessa os 2 pontinhos do nariz, como mostra a figura abaixo.




Obs: Tentei várias outras formas de iscar, mas nenhuma funcionou tão bem.


A idéia é que o conjunto anzol e lambari devam ter pequenas dimensões, facilitando que o peixe os acomode dentro de sua boca, e que o anzol seja grande o suficiente para uma ferroada segura.

A grande vantagem desta forma de iscar é a grande mobilidade da isca. Meu anzol favorito para traíras é um de tamanho 4/0, “all round (o mais adequado para peixes de boca dura)”, encastoado com cabo de aço flexível para 30 lb, preferencialmente um anzol que tenha uma haste curta, pois a haste do anzol pode servir de anteparo à boca do peixe, fazendo-o morder o rabo e deixando a cabeça do lambari no anzol, pela mesma razão o encastoamento deve ser flexível (usado como descrito acima, com anzol “all round” 4/0 de haste curta, costuma ferroar bem traíras a partir de 1 Kg e até de menos). Um anzol “robaleiro” é o mais indicado para iscas vivas em geral e essencial quando a isca é pequena (para não estourar ou ferir demais a isca); mas observe que a fricção deve ser ajustada para evitar abrir este anzol. O uso de “elastricot” (linha fininha de elastano) para amarrar a isca deve ser evitado, pois o aperto necessário para uma boa fixação mata rapidamente o lambari.

Outra opção, com o uso da bóia, é simplesmente passar o anzol na testa ou transfixando sua boca. A grande vantagem será a grande mobilidade da isca, e sua tendência a afundar e ter que nadar para poder voltar à horizontal. Mas como a traíra morde com precisão, esta forma de iscar não é ideal para traíras que não sejam realmente grandes (ela poderá morder a isca sem morder o anzol). Quanto maior a vitalidade da isca, mais mobilidade ela terá, nadando e deixando o anzol virado para trás (o ideal). Adicionalmente, a traíra é forte e exige anzóis resistentes. Como estes anzóis são grossos, a isca estoura se passarmos o anzol em sua testa e passar o anzol na boca pode matar a isca sufocada (ela não consegue fechar a boca para bombear a água por suas guelras).

Quando usar bóia, a isca viva pode ser “descomportada” (o peixinho teima em se esconder), e uma forma de resolver esse problema e usar a isca em meio à vegetação é somar um pequeno peso próximo ao anzol, em um encastoamento curto e discreto, afundando a isca e evitando que ela se esconda! Não exagere no peso, só o suficiente para a isca não ir para o meio das raízes (o peso excessivo pode dificultar que a isca se movimente ou que seja sugada pelo peixe). Pode-se também dar uma mexida na isca de tempos em tempos, mas a isca já pode ter enroscado, pois deve ser usada em meio à vegetação.

Recomendo usar um anzol de haste curta (“all round” 2/0 a 5/0; ou um anzol robaleiro) para iscar vivo e um anzol de haste longa (“maruseigo” 3/0 a 5/0) para iscar morto (use o bom senso para avaliar o tamanho do anzol, pois é só imaginá-lo dentro da boca do peixe).

Quando a isca for grande, iscar morto dará melhor resultado (se o peixe não estiver fresco, com guelras bem vermelhas, o resultado não será nada bom! Melhor se o lambari ainda estiver vivo quando for colocado no anzol), introduza o anzol pela boca do lambari, atravesse o osso da cabeça, procure passar o anzol através ou próximo à coluna vertebral tendo o cuidado de dobrar o peixe para que sua cabeça não estoure (se estourar, vire o peixe de forma que a haste do anzol fique alojada no rasgo). A ponta do anzol deve ser alojada na ponta do rabo, se estourar ou o lambari for grande para o anzol, aloje a ponta em sua barriga (não precisa “esconder” o anzol, apenas evitar que o peixe morda a isca sem morder a ponta do anzol). Novamente, as dimensões do conjunto isca e anzol devem ser pequenas, já que a idéia é usar o maior anzol que não acrescente volume à isca, evitando que o peixe não morda o anzol ao morder a isca. Pode-se cortar ao meio um lambari grande demais, para poder iscar morto, mas preserve ao máximo as escamas, como se ele ainda estivesse inteiro.

Para jogar a isca Na água, quando pescarmos em meio à “santa luzia” compacta, remova algumas “santas luzias”, formando um buraco de no máximo 40 cm de diâmetro, use um bambu ou coisa parecida e procure pegar a planta por baixo a colocando de lado (até pode ser em cima da planta ao lado). Então, esticando os braços e a vara, deixamos descer até que a bóia atinja a água (tipo pescaria de festa junina). Se o buraco for menor que 30 cm, dificultará que a isca passe pelas raízes; e se maior de 40 cm, facilita que o peixe perceba o pescador. Os melhores pontos são onde a “santa luzia” encontra o capim “braquiára”, que é terrivelmente “enroscante”! Deixe a linha curta e esticada, de forma que a traíra não alcance a “braquiára” quando se ferroar. Também pode ser interessante ficar próximo ao encontro da água livre com a vegetação flutuante.

Uma dica: Use a isca viva cercada por iscas mortas por ambos os lados, pois quando a traíra se aproximar, encontrará primeiro a isca morta, que ferroa mais facilmente traíras menores! Se ela rejeitar esta isca e continuar andando, encontrará a isca viva, atacando-a. Isto torna a pesca mais produtiva, simplesmente por podermos pegar traíras de vários tamanhos.

O uso de bóia sem chumbo, é recomendável. Ela deverá deixar o anzol de 40 a 60 centímetros de profundidade, à altura dos ápices das raízes da “santa luzia”. Cuidado, a isca não deve tocar o fundo, nem ficar oculta em meio às raízes. A profundidade do local é importante para o bom funcionamento da isca. Se for inferior a 80 centímetros, a traíra não verá a isca com facilidade e o lambari poderá ficar na lama, morrendo rapidamente. Se superior a um metro e meio de profundidade, a traíra não virá pelo fundo, e sim em meio à vegetação, dificultando que ache a isca (se é que ela virá em local tão fundo).

O lugar ideal seria aquele em que a sua vara alcance um lugar de 80 ou 90 cm de profundidade sem lançamento e que esta profundidade não supere um metro e meio! Varas longas são vantajosas, visto que melhoram o domínio sobre o peixe na hora de içá-lo e permitem que este buraco esteja mais longe da margem. Varões de bambu também estão valendo, embora o recolher da linha a deixando bem curta seja muito interessante.

Outra opção, para locais rasos, é usar o chumbo antes da pernada, mas como o peso do anzol tende a deixar o lambari na lama, não recomendo sem uma bóia. Se for pescar em lugar sem muita vegetação, um macete muito produtivo é lançar rente à vegetação da margem oposta (se o lançamento for mesmo rente à vegetação, a isca irá parar embaixo desta vegetação), de forma que a traíra ferrada não tenha linha o suficiente para enroscar. Procure usar chumbo pesado (50 gramas ou mais), para que a isca afunde mesmo se acertar a vegetação. Procure treinar o lançamento antes de escurecer para não ter de acender a lanterna sobre a água! Quando a traíra “se ferrar”, ela tentará escapar em direção à vegetação próxima, o quê dobrará a ponta da vara nos avisando que o peixe nos aguarda e completa o serviço de ferrá-la. Puxe-a rapidamente, senão ela pode afrouxar a linha (se a linha afrouxar a traíra pode escapar)...


Observação: Não tente lançar em meio à “santa luzia” compacta, mesmo que a isca afunde, pois se pode ter extrema dificuldade em puxar o anzol, mesmo sem a traíra.

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