quarta-feira, 22 de maio de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 21


Iscas de Fundo
metaljig



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shad

Suas principais vantagens são: o trabalho lento e a simulação de uma presa agonizante, ou simplesmente se alimentando do lodo no fundo. Podem e devem ser usadas quando a traíra estiver manhosa pelo frio, e a profundidade do local não for excessiva (em termos ideais, entre 0,9 e 1,5 metro). Seu trabalho é de puxadinhas (melhor se essas puxadinhas forem para cima) e deixar a linha afrouxar em seguida (quando a isca afunda) fazendo a isca subir e descer lentamente. Pode-se jogar a isca na água, sobre a vegetação ou na margem; e fazê-la mergulhar (altamente eficiente com o formato de rã). São iscas que dão trabalho, mas que salvam algumas pescarias. São elas o “grub” (minhoca), o “jig”, o “metaljig”, e o “shad”.

Os defeitos destas iscas são: serem trabalhosas (cansa o braço, assim como as iscas de superfície), não terem “rattling” (chocalho) e tenderem a acompanhar a inclinação para o local mais fundo, saindo de baixo da vegetação se o fundo não for mais ou menos plano. Uma isca excessivamente lenta pode dar a chance do peixe reconhecer o encastoamento e causar um refugo, de tal forma que eu não recomendo o uso de mais que o líder, ou um snap (com distorcedor, se seu peso não atrapalhar o equilíbrio da isca) atado diretamente à isca.

Seu defeito mais grave é só trabalhar bem a uma distância curta, onde o movimento da ponta da vara irá facilmente espantar a traíra (esta é a principal razão pela qual estas iscas são minha última opção para traíras)!

Observação: Uma dica para o uso mais eficiente destas iscas de silicone é esfregar sal, ou usar molho de soja (tipo japonês, coloca-se a isca e o molho dentro de um saco plástico) para dar a estas iscas um cheiro “salgadinho” parecido com o de sangue. Pode-se também enfiar uma pedrinha de sal grosso dentro da isca. Como o buraquinho fica quase fechado, uma única pedrinha dá para uma pescaria tranquilamente. Temos também as essências artificiais...

O maior defeito das iscas de silicone, é que poucas das que podem ser compradas no Brasil são verdadeiramente, molengas...; gelatinosas mesmo! Sua “falta de molejo” torna difícil seu trabalho correto a uma boa distância. Se você tiver acesso a uma isca realmente gelatinosa (neste caso, o melhor formato é o de rã), use-a com toda a fé... e compre muitas! Elas não irão durar...

ACTION PLASTICS (JIG + SHAD) : Merece menção honrosa o “shad” (isca de silicone em diversos formatos. Para traíra, o melhor é o de peixinho), que pode ser trabalhado como “fundo” ou “meia-água” sem o “jig”, apenas com um anzol, independente do fundo para determinar a profundidade de trabalho. Essa operacionalização exige uma grande habilidade para que o pescador controle bem o afundamento e a profundidade da isca, dependendo do tempo que damos para que ela afunde e da quantidade de chumbo usado, em relação ao volume da isca e recolhimento da linha. Parece complicado? Pois é mesmo... Para obter de um “shad”, um trabalho de meia-água é necessário fazer com que o encastoamento seja leve, para que a isca não afunde rápido demais! O próprio distorcedor (em conjunto com o encastoamento) serve como chumbo. No caso do trabalho de fundo, um pequeno chumbo deve ser incorporado à isca para evitar que a ponta do anzol fique para baixo, enroscando ou agarrando sujeira.

Outra opção é usar um anzol próprio para shad (o olhal fica virado para cima), com a linha orientando a posição da isca. Não apenas traíras, mas qualquer peixe grande (mesmo os “não-predadores”) se sentirá atraído por esta isca! Em qualquer situação, o branco ou a cor de osso (nunca vi uma prateada), são referências na escolha da cor. Se a isca for fluorescente (“glow”) deixe-a na luz antes de usar (não é a melhor escolha para usar à noite, pois sua fluorescência dura pouco no escuro).

MINHOCA: Outra isca de fundo, especialmente recomendável no inverno, é uma minhoca (a artificial, é claro), ou um pequeno sarapó (tuvira). Já viu como se usa um sarapó para pescar dourado de água doce? Pode ser que, em meio à vegetação fechada, o sarapó seja alimento mais freqüente que um lambari, sendo esta isca trabalhada no fundo, e junto à vegetação fechada.

Quanto mais escuro for o sarapó (ou minhoca), melhor isca será (não é normal sarapó branco, mas existe sarapó albino, um raro capricho da mãe natureza, sendo então uma mistura de branco e amarelo pálido).

Observe que o(s) anzol(is) pode(m) e deve(m) ser amarrado(s) ao sarapó, com uma linha o mais fraca possível, mas que resista ao trabalhar da isca ! As pontas do anzol devem sempre ficar ocultas (qualquer isca, de silicone ou natural, pode ser montada com a ponta do anzol escondida, sendo então “anti-enroscante”).

No caso do sarapó (ou de qualquer isca de silicone, onde o peixe não seja capaz de diferenciar de uma isca natural), quando o predador bater, não puxe! “Se finja de morto”, abaixando a ponta da vara e afrouxando a linha esperando que o próprio peixe puxe para se ferroar (aí, puxando bruscamente quando o peixe puxar com força, a não ser que a ponta do anzol esteja livre). Isto serve para que o peixe engula a isca e, principalmente, para libertar o anzol da isca (o nome disto é “ferrada”, igual a que se usa com dourados; diferente de “ferroada”, quando a ponta do anzol espeta o peixe).
Iscas de silicone só não são iscas muito recomendáveis para traíras por dois motivos: um predador “dentado” como uma traíra pode as partir com um único ataque (tenha várias se realmente quiser usá-las), e os pedaços que forem engolidos podem engasgar, entalar, chegando a matar o peixe que escape ou seja solto, pois não é possível digerir silicone (se pode evitar a morte do peixe ladrão de iscas usando uma isca natural no lugar do “shad”, como um lambari ou sarapó, mas as ações podem diminuir, pois uma isca artificial é mais visível e chamativa).

A melhor forma (e mais fácil) de trabalhar iscas de fundo bem lentamente é manter a vara para cima, mesmo que parada, e manivelar pausadamente, isto é, dar curtas voltas (ou melhor, frações de volta) e aguardar uns poucos segundos antes de manivelar de novo.

Um conselho deixe para dar “tanquinhos” na linha, quando tiver experiência suficiente e a situação exigir (quando, por exemplo, desejar um trabalho de meia-água, ou quando estiver quente e a isca tenha de ser mais chamativa. Mas se estiver quente mesmo, é preferível usar um plug de barbela curta).

Se a isca for leve (é só usar o anzol sem, ou com pouco chumbo) e este trabalho for mais rápido, pode-se obter um trabalho de meia-água. Aliás, cabe observar que a principal função do chumbo é favorecer o lançamento, pois seu uso dificulta ao peixe sugar a isca, portanto, use o chumbo com parcimônia, e apenas se ele for mesmo necessário.

A chumbada também serve para manter o anzol virado para cima, sendo recomendável usá-lo com bem pouco chumbo, se for mesmo usar.

Observação: O trabalho muito lento só deve ser usado quando as condições forem desfavoráveis, como quando estiver frio; pois ele pode “dar tempo” do peixe avaliar a isca e refugar (notadamente por causa do encastoamento). Iscas de fundo são lentas demais para trabalharem (funcionarem) com algum tipo de encastoamento, já que podem passar a espantar o peixe.

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