Pesca predatória
extermina famílias inteiras de tucunarés num local sagrado da espécie
Há alguns anos o
Açude Castanhão vem se destacando no cenário da pesca esportiva nacional como
um dos melhores pontos para pesca do tucunaré fora da Bacia Amazônica. A quantidade
de peixes e, principalmente, o porte dos exemplares encontrados lá ainda não
encontram comparativos com outros locais de pesca de tucunarés fora da
Amazônia, e talvez até mesmo em alguns locais daquela região. Esse fato pode
ser muito bem ilustrado pelo recorde capturado e registrado na IGFA do pescador
Rômulo Patrick, um magnífico exemplar de tucunaré (Cichla Pinima) de 26 lb , ou 11,78 kg e 83 cm . Exemplares de porte
entre 5 kg
e 10 kg
também não são incomuns no açude.
A pesca amadora
vem colocando toda a região da barragem em destaque, atraindo turistas e
pescadores de todo pais, estimulando o interesse turístico em geral na região e
gerando emprego, renda para população e divisas para os municípios do entorno
da barragem. Fato que acontece em muitas outras regiões do país com potencial
para pesca esportiva.
Infelizmente
essa barragem maravilhosa e única esta seriamente ameaçada. Há alguns anos o
Castanhão vem sofrendo uma crescente agressão promovida pela pesca predatória e
pela pesca profissional desenfreada, principalmente pela pesca de arpão com
fins comerciais.
O perfil mais
comum dos praticantes desse crime contra o meio ambiente, e contra a economia
local, é de pescadores profissionais contradados por “armadores” que organizam
“grupos” de até 30 – 40 pescadores, que ficam acampados semanas nas margens da
barragem, pescando de forma continua e retirando toneladas de pescado
semanalmente. Esses grupos são geralmente de outros estados como Rio Grande do
Norte, Paraíba, Piauí, Maranhão e, logicamente também do Ceará. Pescam de todas
as formas possíveis como redes (dentro e fora das malhas permitidas), anzol e
principalmente arpão, o que é absolutamente proibido pelas leis de nosso país e
do Estado do Ceará, visto que ambos vetam a pesca subaquática com fins
comerciais em águas interiores.
Isso é um crime
ambiental grave, que está dizimando os estoques pesqueiros do Castanhão,
notadamente do tucunaré. Espécimes de tucunaré de grande porte são os mais
cobiçados, mas qualquer outra espécie como tambaquis, tilápias, pescadas,
piaus, curimatãs e mesmo pirarucus são caçados a exaustão, aos olhos de todos
que navegam pelo Castanhão.
Esse tipo de
crime ambiental, caso não seja combatido de forma imediata, acabará tornando o
Açude do Castanhão uma barragem morta, sem nenhum atrativo para a pesca
esportiva e ameaçando mesmo a pesca legal praticada pela população pesqueira
local. Os praticantes dessa verdadeira devastação já promoveram isso
repetidamente em outras barragens da Região Nordeste, que tinham um grande potencial
para exploração sustentável do turismo da pesca esportiva e simplesmente se
tornaram açudes “comuns”, sem o menor potencial turístico e com seus estoques
naturais praticamente devastados como vemos na Barragem de Coremas – PB, na
Barragem do Açú – RN (Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves), o Açude
do Orós – CE e tantas outras pelo Nordeste.
As autoridades
locais, estimuladas e cobradas pela APEECE – Associação de Pesca Esportiva do
Estado do Ceará – são sensíveis ao problema e vem mostrando comprometimento com
ações de fiscalização. O problema é que o volume dessas ações ainda é
extremamente tímido comparado ao tamanho da ameaça e intensidade das ações
predatórias e ilegais no Castanhão. Não há ainda uma integração dos diversos
orgãos responsáveis pela fiscalização ambiental da barragem, quer seja nas
águas do Castanhão, quer seja nas estradas da região e do Estado do Ceará.
O Açude do
Castanhão, caso não tenha ações de defesa imediatas, efetivas e constantes, são
suportará o atual nível de agressão. Temos visto isso de forma muito clara com
a diminuição do volume de tucunarés capturados hoje e com a constante e
ininterrupta presença de mergulhadores, que pescam com fins comerciais nas
águas da barragem. Não há lugar que resista a isso por muito tempo. Os exemplos
do fim disso já foram citados e todos já conhecem.
É preciso que
aconteça já a presença dos órgãos de fiscalização estaduais e federais com o
fim de mudarem essa realidade de forma imediata, sob pena de o Brasil perder um
tesouro, o Estado do Ceará perder um destino turístico incomparável e o povo
dos municípios de Jaguaribara e entorno do Castanhão perderem a uma grande
oportunidade de se desenvolverem e trazerem emprego e renda para sua população.
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