quinta-feira, 16 de maio de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 18



Trabalho nos limites do “local promissor”:

  • Prefira lançar de fora do local promissor, isto evita que espantemos a traíra com nossa presença. Basicamente, o local pode ser não promissor por ser fundo, raso demais, pela falta de vegetação, ou pela vegetação inapropriada (como a “braquiára” - “pura”, que serve para amarrar o barco).

  • Quando usamos um trabalho de isca que use toques de ponta de vara, devemos estar mais longe ainda deste local promissor (a traíra nos perceberá facilmente por este movimento)!

  • A posição do barco é extremamente importante, devendo ficar fora do lugar considerado promissor (para que lancemos nele), e permitindo um trabalho paralelo ou abaixo da vegetação. A posição do barco também é importante para permitir tirar o peixe sem que ele enrosque.

  • Quando desembarcado, ou se a situação lhe fizer tirar a isca da água dentro do lugar promissor, deixe-a flutuar ficando imóvel por uns instantes antes de a puxar, pois uma traíra pode estar seguindo-a e atacar neste momento!

  • Uma vara um pouco mais longa (de até uns 8 pés) e rápida (rígida) poderá ser muito útil na pesca desembarcada, evitando que o peixe enrosque e nos deixando um pouco mais longe do peixe, evitando que ele perceba nossa presença (cuidado com sua sombra projetada dentro da água, e procure ficar “atrás da vegetação” ou imóvel, a traíra só deve ver a isca). A vara longa ajuda também a passar ou “manobrar” a isca por baixo da vegetação. A desvantagem da vara longa é a menor precisão de lançamento, também cansando mais o braço por causa dos lançamentos repetitivos, mas dá para se habituar.

  • Uma vantagem da pesca desembarcada é a tendência que a traíra fisgada tem em encostar, facilitando que a tiremos da água (exceto quando ela enrosca, cuidado!). A briga é boa quando puxamos uma traíra para o meio da água, estando no barco; mas isso é muito útil para evitar o enrosco.

Macete: Se estiver pescando da margem, quando sentir que a traíra está bem ferroada, “corra” recolhendo a linha (não deixe a linha frouxa por um segundo sequer) até ficar bem de frente para a traíra, espantando-a da margem e evitando que ela enrosque (mesmo traíras grandes costumam pular quando “expulsas” da margem, por isso uma boa ferroada é essencial)... Se ela estiver embaixo de uma moita ou você estiver “apoitado”, recolha a linha com a ponta da vara dentro d’água, na mesma altura ou mesmo abaixo da traíra, para evitar que ela enrosque em raízes de uma vegetação flutuante.

Técnica para artificiais, com luz - (diurna, sob luar, ou outra claridade qualquer):

Andar percorrendo lentamente a margem e lançando a isca sempre na sua frente (a isca passa onde você ainda não passou) é a melhor estratégia sempre que assim possa se fazer sem precisar de uma lanterna (a noite funciona melhor ainda). Pode ser necessário lançar onde já passamos, por isso ande “pisando macio” (quem sabe imitando o andar de uma vaca, um som comum em muitas margens), e se afaste um pouco da margem ao se deslocar, pois não devemos alertar “nossa presa” sobre nossa presença.

Uma traíra que seja uma boa candidata a ser capturada estará alerta, certamente de 30 a 140 cm de profundidade, e próxima à água aberta. Como a traíra é um predador solitário, “territorialista”, e canibal, não é comum as encontrarmos próximas em um mesmo lugar, especialmente as grandes (com mais de 1,3 Kg), e por isso, mesmo um lugar pouco promissor é candidato a uma ação.

A visão do pescador ou do seu barco espanta as traíras (não é difícil capturar traíras com menos de 1 m de linha, tanto com barco na escuridão absoluta, como desembarcado). Se você for usar iscas artificiais com luminosidade qualquer, considere que será difícil que uma traíra saia de onde está. Elas ficam imóveis para que sua presença não seja percebida, portanto, quem tem de andar é você!

Observe que o barco não será tão vantajoso (por causa do barulho das remadas) e a pesca desembarcada pode ser melhor, embora possa ser difícil achar um bom lugar. Um lugar realmente promissor pode só ser acessível de barco. Infelizmente, um barco mais atrapalha que ajuda durante o dia, pois é fácil que a traíra nos perceba. Só o use com muito cuidado, com o barco fora do “Lugar Promissor” (leia adiante), e se não houver opção. Cores discretas ajudam muito nesta situação...

Uma grande opção ao uso do barco é um par de botas de cano alto (existem botas “estendidas” que cobrem até a coxa). Adicionalmente, podemos andar bem devagarzinho para dentro da vegetação aquática ou mesmo da água, ficando em posição mais favorável para ferrar o peixe e para brigar com ele, mas não recomendo como regra para não alertar sobre nossa presença, apenas tenha a opção em mente para usá-la quando necessário (qualquer vibração dentro da água será percebida pela predadora; portanto, o local deve ser trabalhado com lançamentos à distância). Nunca entre na água no local promissor, e fique imóvel o tempo todo!

Atenção, elas só ficam rodando quando escurece mesmo! Se houver mínima luminosidade elas ficarão imóveis ou só se movimentarão (aproximação) sob a plena sombra de uma vegetação! Como nestas horas as traíras que batem são de todos os tamanhos (grandes inclusive) e elas estarão paradas, sob a cobertura de “santa luzia” ou outra vegetação, esperando que algo “dê mole” para tentarem uma bocada, a melhor técnica é a pesca desembarcada percorrendo as margens com a isca artificial. Isto se a vegetação permitir (basicamente, o quê atrapalha é a presença de capim “braquiára” ou vegetação extensa, comum no segundo semestre do ano). Se o local for promissor, insista e tente passar a isca por baixo da vegetação algumas vezes antes de mudar de lugar (habitualmente, vale a pena voltar a trabalhar este local promissor mais tarde).

Se a isca for grande e o peixe puder ver o encastoamento e refugar, considere usar uma linha grossa de flúor (o líder) como encastoamento ou apenas um “snap” com ou sem distorcedor, mas verifique sua integridade regularmente.

Confesso que pesco da margem mesmo quando escurece de vez (andando como se fosse de dia), mas o local deve ser muito bem conhecido, e o pescador deve “ter pouco juízo (pouco juízo sim! Pois se tiver juízo não vai pescar à noite... Botas de cano alto “quase” que anulam o risco de mordida de cobra, mesmo assim, cuidado com os barrancos)”. “Enxerga-se” com o conhecimento prévio do local, e imaginando as reações da isca ao nosso trabalho para saber a posição em que se encontra. Escuta-se o barulho (“pop”) da isca caindo na água, sente-se a pressão da linha (a direção da isca), a vibração da linha (“escuta-se” o que ocorre com a isca, se esbarrou na vegetação, se foi atacada...), o trabalho da isca torna-se sensível ao tato conforme a isca se aproxime. Até a sensação do nó do líder chegando à ponteira da vara deve ser considerada (quando se pára de recolher e deixa-se a isca boiar, para o caso da isca estar sendo seguida). Não é fácil, mas o resultado é garantido!

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