terça-feira, 21 de maio de 2013

Traíra / Wolf-Fish ( Hoplias malabaricus) - Parte 20




OCAMBÉ PAPA-BLACK: Não tenho dúvida alguma que a melhor isca para traíras de mais de 1,5 Kg é a “Papa-Black” (sempre que for possível a passar por baixo da vegetação). Ela também permite pegar traíras menores, mas as perdas são freqüentes. As razões para usar esta isca são seu baixo preço, sua ação que simula um lambari (tão natural que é capaz de provocar seguidos ataques do mesmo peixe à mesmíssima isca, no caso dele escapar), e a ferrada dupla (as 2 garatéias ferrando juntas, não escapa de jeito algum) de grandes traíras.


Com ou sem “popper” na cabeça (custei, mas agora consigo fazer o “pop”, dá-se um “tranco” no início do recolhimento, exige sensibilidade para perceber o momento exato dessa puxada, pois a isca afunda rápido enquanto estamos esticando a linha).

Descrição: quase um “cranckbait” (gorducha, mas achatada lateralmente) de barbela curta com chocalho (isca flutuante de ação de meia-água), confeccionado em fiberglass, garatéias reforçadas. Fabricante: Artefatos Ocambé (Curitiba – Paraná). Tamanho: 7 cm / Peso: 10 g.

Uma traíra bem grande pode se ferrar nas 2 (dentro da boca) que ficam para trás mais ou menos juntas (como a garatéia ventral tem 2 argolas tem mobilidade suficiente para ser sugada junto com a outra, aliás, uma modificação recomendável a qualquer “plug” de barbela é usar 2 argolas na garatéia ventral), além de terem tamanho razoável (recomendo atenção para que a linha não afrouxe quando ferrar o peixe, pois uma traíra de menos de 2 Kg pode escapar por estar presa por uma única garatéia).

A isca com “popper” tem um inconveniente, já que a “frente” de uma “papa-black” afunda com o peso do distorcedor, o que não atrapalha a ação de meia-água (embora faça a isca afundar mais quando trabalhada), mas deixa o “popper” submerso. Se realmente quiser usar o “popper”, use encastoamento e distorcedor bem leves. Na verdade, a “papa-black” tem um “ótimo problema”, sua profundidade de trabalho excessiva quando o encastoamento é pesado (a frente da isca fica afundada, só aflorando a ponta do rabo da isca), mas eu sempre a uso dessa forma (exceto em lugares muito rasos, onde será providencial a “papa-black” com “popper”), pois isto é uma excelente oportunidade para usar um trabalho interrompido (mesmo abaixo da vegetação).

A utilização dessa “papa-black” com “popper” serve também para a isca retornar a sub-superfície ou mesmo a superfície, dando mais chance ainda da traíra atacar, ou para se obter um trabalho em maior profundidade passando a isca em baixo da vegetação. Regule o afundamento para a isca não afundar demais ou de menos (a isca fica na horizontal) com o peso do encastoamento + snap + distorcedor.

Observação importante: as garatéias das “papa-black” são ótimas, mas relativamente delicadas (eu tolero essa “delicadeza” por serem garatéias fininhas e que enterram fácil, evitando perder o peixe) e poderão começar a entortar se for tentado erguer uma traíra a partir de 1,5 a 2 Kg (de 2 Kg para mais, as garatéias sempre entortam) se erguer o peixe, mas dá para tirar o peixe com segurança se usar um puçá; é só não erguer o bicho para fora dágua; se erguer rapidamente, só a garatéia é perdida, o peixe fica).

Tenha garatéias de reserva e as troque se elas abrirem um pouco que seja (a próxima traíra pode ser perdida se não for trocada a garatéia meio-aberta, pois ela acabará de abrir ou pode se quebrar). Se você não encontrar estas garatéias originais à venda, pode usar outras; pois a “flutuação” desta isca é ótima, e ela continua boiando mesmo com garatéias mais pesadas, embora possa prejudicar um pouco o trabalho.

Uma fricção muito “dura” pode entortar estas garatéias também, cuidado com os detalhes...! Às vezes, a traíra enrosca ou a linha embola e agarra nos passadores, e se a linha não estourar, as garatéias da “papa-black” estourarão com certeza.

Em águas barrentas é opção usar uma isca que contenha o negro ou outra cor não muito luminosa (a cor branca com cabeça vermelha é um clássico por se destacar em qualquer situação, tendo a vantagem adicional de provocar mais ataques por trás, suscitando melhores ferroadas cor: 07).

Mas águas barrentas não são bom lugar para traíras, só uma traíra desesperada de fome (e para estar com tanta fome, deve ser pequena) para atacar nesta condição de águas barrentas (elas se recolhem para dentro da vegetação, onde a água fica mais limpa, aproveitando a “oportunidade” para reproduzir). No caso desta isca, a opção de cor branca com cabeça vermelha é preferível a uma de dorso preto (aspecto quase natural para o peixe, mas pouco chamativo).

Na prática, eu considero suficiente apenas o uso das cores 10 (prata minha cor favorita, especialmente para o dia ou sob luar, pois o brilho metálico somente seria visto na natureza se “o lambari” estivesse de lado por estar ferido, e a traíra sabe disto, que aliada a um “trabalho interrompido” pela isca, reforça esta impressão) e 20 (ou outra cor luminosa e chamativa, para a escuridão). A escolha da cor depende da situação de visibilidade (quanto mais turva e quanto mais escuro, mais chamativa, mas lembre-se de que água muito barrenta não é boa para traíras ), ou seja, em águas límpidas e com boa luminosidade, use uma isca toda prateada (lateral prata, dorso e ventre prata fosca igual a um carro prata metálico referência da cor: 10). Use “o lambari anêmico” em qualquer situação, especialmente em noites bem escuras: cor prata (lateral) e “superbranco” (dorso e ventre; referência da cor: 20).

Um capricho a mais é providenciar a pintura da pontinha do rabinho da “papa black” com tinta automotiva na cor superbranca, ou na cor da isca. Tornando-a mais chamativa quando vista por trás, facilitando o ataque (“por trás” é a posição de ataque que mais resulta em dupla ferrada).

MARINE SPORTS INNA: Quando executamos a técnica para pegar a maior traíra que estiver dentro da água (“Técnica da Grande Traíra”), na completa escuridão, usa-se também as “papa-black”, mas eu prefiro usar os plugs de barbela curta alongados (“shallow runner”). No caso da traíra, a minha isca favorita para as realmente grandes (uso na escuridão) é uma isca MARINE SPORTS INNA 70/38, isca para meia-água, com efeito sonoro (“rattling”). Tamanho: 7 cm / Peso: 8,5g / Cor: 38 costas – preto; lateral – prata (holográfico), ventre – branco (outras cores e outras iscas podem ser usadas também).

Esta isca parece uma pequena traíra, no tamanho exato para ser fatalmente engolida por traíras de mais de 1,3 Kg, obtendo uma ferrada dupla (se a vítima for menor de 1,3 Kg, é quase certo que escapará por não engolir a isca e se ferrar em uma única garatéia). Por ter aspecto natural, é irresistível para uma traíra ativa que esteja defendendo sua prole (na época de reprodução). Sua ação é oscilar para os lados de tal forma que quando olhada de lado parece mudar de cor (semelhante a uma colher em trabalho lento), sem ter movimento excessivo, parece uma trairinha. Ela não recebe tantos “strikes” quanto uma “papa black”, mas a ferroada dupla (de traíras de mais de 1,3 Kg) é fatal, é segura mesmo, não escapa de jeito algum!

No caso de plugs pequenos, que se pretende que sejam engolidos inteiros, use duas argolas para prender a(s) garatéia(s) ventral(is) pois isto melhora a orientação da garatéia e favorece sua ferroada, ainda melhorando o trabalho da isca (o peso da garatéia fica mais longe da isca, deixando a isca mais livre para trabalhar). Deixe uma ponta virada para frente e duas para trás (algum leitor poderia pensar ser necessário apenas um anzol pequeno, mas as outras duas pontas da garatéia, embora não ferroem nada, servem para que o peixe sugue esta garatéia para dentro de sua boca já que um anzol pode se virar para frente e não ferroar nada). Ferroadas ao redor dos arcos branquiais são comuns com pequenos plugs de meia-água e, mesmo com garatéias bem pequenas, são muito difíceis de soltar, especialmente se a ferroada for dupla, pois quando a garatéia ventral se prende, mesmo ferroando a língua, estabiliza a garatéia caudal (que está presa no arco cartilaginoso perto das brânquias), sendo inútil qualquer esforço do peixe em se soltar (cuidado com o enrosco).

Apenas se certifique de usar garatéias reforçadas, pois elas podem abrir ou quebrar (troque qualquer garatéia que abra um pouco que seja, na próxima ela quebra)! Na foto, uma Marine Sports INNA 70/38 que já “quebrou o dente” de muitas traíras com a “Técnica da Grande Traíra”, (Embora esteja toda “escabufada” esta isca mantém sua holografia graças à proteção de esmalte de unha após cada pescaria, o melhor vedante que existe):


Usada com um pequeno girador sem “snap” (como sempre, precisa boiar). Costumo fazer um risco preto com caneta de retro-projetor em sua lateral (e novamente coberta por esmalte de unha incolor) para dar melhor percepção de movimento. Isto pode ser feito em todas as iscas alongadas (shallow runner), que oscilam lateralmente. Como a isca parece piscar quando olhada de lado, este risco a fará piscar duas vezes mais, além de simular melhor uma “trairinha” (o que faz esta isca ideal para uma traíra que defende seu território)! A garatéia caudal é uma “Kenzaki 4X prateada” (a original da Aicas Class Samurai), assim usada para melhor simular a nadadeira da isca. A garatéia ventral zincada é idêntica à original da “Ocambé Papa-Black”, como esta garatéia não faz parte da “anatomia normal” de um peixe, não deve ser chamativa (na minha opinião). Outra forma de tornar aparente a garatéia traseira é pintá-la com esmalte de unha branco ou prateado, mas não pode pintar a ponta da garatéia para não atrapalhar a ferroada!

Como nem tudo são flores; aumentar o tamanho das garatéias, como mostrado, pode deixar a isca mais rápida (ela precisa de maior velocidade de recolhimento para obter o mesmo volume de trabalho). No caso da garatéia ventral, o uso de 2 argolas compensa parte deste aumento de peso por dar a isca “mais liberdade” para trabalhar; no caso da garatéia caudal, o melhor é manter o tamanho e/ou o peso original da isca.

ISCA MARINE SPORTS INNA 70

Cores: 02 – corpo: branco (costas e ventre – branco, lateral – branco holográfico), cabeça: vermelha ;

03 – corpo: prata e costas verde limão. 34 – corpo dourado e costas (e a cara) pretas.


Para traíras pequenas, de menos de 1,3 Kg, iscas INNA de 7 centímetros não são adequadas ! Caso contrário, eu prefiro pescá-las com a “papa-black” (garatéias maiores), com iscas grandes (como a INNA de 10,5 cm), ou com um “shad de silicone” (veja adiante em iscas de fundo), pois será difícil achar uma isca com menos de 7 cm, que bóie com o peso do encastoamento, distorcedor, linha...

Nota: A experiência diz que garatéias pequenas funcionam muito bem, desde que pelo menos duas ferroem o peixe! Se ele não engolir a isca, possivelmente escapará!

“Plugs bem grandes de barbela curta (melhor magrelas)”, podem ser usados, com a vantagem de permitirem maior distância de lançamento por serem mais pesados. Recomendo seu uso, em especial, quando as condições aqui expostas não puderem ser seguidas à risca (sobretudo no tocante à escuridão absoluta), pois não se sabe se a traíra “que bater” terá condição de abocanhar a isca de 7 cm, mas estas fazem excessivo barulho ao cair na água (lance depois do local onde se espera que a traíra esteja), e terão de ter garatéias bem grandes e fininhas para fixar o peixe fora da boca (sempre que se use garatéias grandes, é recomendável o uso de linha de multifilamentos). O peixe vem grudado pela barriga, não precisando usar garatéias reforçadas (que são pesadas em relação ao seu tamanho). Prefira as grandes e bem fininhas, pois a ferrada será fora da boca (lembre-se de verificar se a isca e encastoamento flutuam com as novas garatéias, já que as originais não são boas para este uso. Aliás, o difícil mesmo é conseguir garatéias verdadeiramente adequadas para este uso, superfininhas).

É temerário fazer longos lançamentos na escuridão (pode-se lançar no enrosco ou até no mato). Use esta isca de dia ou com luar. Já peguei traíras de vários tamanhos, sendo uma delas menor que o dobro do tamanho da isca (que foi solta, é claro)! Outra tinha 1.825 gramas, sendo pega com a passagem da isca por baixo da vegetação “santa luzia” (técnica descrita adiante), e o uso de barco e o indispensável puçá (ou passaguá).

Se for o caso de iscas relativamente grandes, bem “magrelas”, e de duas ou três garatéias (grandes e finas) que possam ferroar por fora da boca (a isca é mordida entre as duas garatéias). Se realmente forem finas, quase sempre se pode obter uma ferroada dupla, que embora seja por fora da boca, é uma ferroada segura. Ocorre que o peixe tromba com a isca quando a ataca e fica grudado nela. Habitualmente, o peixe parece se render à dor de uma ferroada destas em sua barriga, se entregando rapidamente, pois sua luta resulta em rasgamento de locais sensíveis. O difícil neste caso é encontrar garatéias apropriadas, grandes e de haste curta (“wide gap”) superfininhas (1X). Como o essencial é que as garatéias sejam fininhas, regule “a embreagem” para não as abrir (devido à dor causada por esta ferroada, a traíra se entrega). Se ainda assim o peixe se ferroar dentro da boca com apenas uma garatéia, espere uma boa briga (cuidado com enroscos e “estouros das garatéias”). 

Observação: a posição da garatéia ventral, a mesma de quando se pretende uma ferroada dentro da boca. Neste caso, quase que impede ferroadas dentro da boca, já que nenhuma traíra engole uma isca deste tamanho! Como a idéia é o peixe morder, trombar com a isca, e ficar “grudado”, isto é benéfico! A tendência da traíra é atacar por trás, “ultrapassar” a isca, invertendo a garatéia ventral, aí fica fácil ferroar, visualizou? Atenção: a isca só servirá para este uso se for magrela, e suas garatéias forem bem grandes e fininhas (melhor, com linha de multifilamento)!

Ainda em tempo, alguém aí observou que de tanto as traíras morderem no mesmo lugar dá para ver uma mancha marrom no lugar onde os dentes costumam pegar na isca?

ISCA ATAKY KIKY 65 (6,5 cm e 6,3 g): Não tive ainda o prazer de usá-la, mas a achei perfeita para pescar à noite. Só deve dar algum trabalho para equilibrar a flutuação com o peso de encastoamento, distorcedor, e garatéias.

YO-ZURI 3D FLAT CRANK (5,5 cm; 7,5 g; cor: TM – branca): Só possui um único grave defeito que é (nas palavras do vendedor) o “sistema de “Efeito Holográfico 3D”, sistema único de reflexão de luz natural, da à isca um aspecto incrível de vida”, sistema esse que se resume a umas lâminas espelhadas nas laterais dentro da isca, tornando esta isca muito pesada limitando sua “flutuabilidade” e sua capacidade de carrear peso (o peso de garatéias reforçadas; e encastoamento, distorcedor)! Se você não entendeu o problema, tente usar esta isca com um encastoamento leve e ela afundará. Se fabricarem esta isca “sem esta frescura” eu a recomendarei, pois não encontro nenhum outro defeito (a não ser as delicadas garatéias originais, que poderiam ser trocadas se a isca tivesse maior “flutuabilidade”). Observe que a “papa-black” possui um “papel alumínio” (acho que é de papel alumínio) nas laterais, e isto não prejudica a “flutuabilidade” por ser muito leve.


COTTON CORDEL BIG „O (2 ou 5,08 cm, 2 ¼ ou 5,72 cm e 3 ou 7,62 cm): Isca totalmente gorducha (a forma mais racional de otimizar sua capacidade de “carrear peso como garatéias e encastoamento”, limitando o volume ocupado pela isca), possui dois defeitos para traíras, ou seja, trabalha em profundidade excessiva (o que é oportuno para um trabalho interrompido), e não se parece muito com um lambari, embora seja capaz de ferrar duplamente traíras a partir de 1 Kg (a de 5,08 cm), 1,3 Kg (a de 5,72 cm), e 1,7 Kg (a de 7,62 cm, não recomendada para traíras).


Sua vantagem é ter tamanhos diversos menores que uma “papa black”, embora o trabalho não se pareça tanto com um lambari. Se for usá-la, evite longos lançamentos e recolha com a ponta da vara levantada para evitar que afunde demais; ou use o recolhimento interrompido. Recomendo então trocar as delicadas garatéias originais por outras, idênticas às da INNA ou as da “papa black” (zincadas e reforçadas, em acordo com a flutuação e “encastoamento” versus afundamento / profundidade pretendida).

Muitos não concordam comigo, mas iscas “balanceadas” (que têm uma bilha de metal, que vai para o rabo no arremesso e para frente no trabalho; embora sejam iscas da moda) não têm nenhuma vantagem sobre iscas não-balanceadas. A isca “floating” (que flutua) deve boiar sempre, sob pena de prejudicar o trabalho, ou reduzir nosso controle sobre o afundamento da isca. Portanto, quanto maior a “flutuabilidade” da isca, maiores garatéias e mais pesado encastoamento esta isca poderá suportar. Isca balanceada significa isca que carrega peso morto!

Uma COLHER YANKEE MINI com ANTIENROSCO é uma boa isca para traíra, embora não seja muito natural e não enseje muitas ações (uso eficiente apenas na escuridão), tendo a seu favor poder ser trabalhada de forma super lenta (a mais lenta de todas as iscas de meia água, mas depende da velocidade para não afundar demais, use em lugar fundo e puxe assim que tocar a água para evitar que afunde muito) e antienrosco (não adianta comprar se não tiver um bom antienrosco, e o melhor antienrosco é um arame duplo fininho que abraça a ponta do anzol), podendo dar bons resultados na hora da escuridão (quando não mais enxergamos e podemos lançar no enrosco! Em outros horários seu aspecto prejudica sua eficácia).


Quando a vegetação de “santa luzia” está permeada por capim “braquiára”, e ficam umas “pontas de braquiára” sobrando para o meio da água, uma colher com antienrosco passa a ser a primeira escolha (opção) até porque a isca se manterá próxima à superfície graças ao apoio dado à linha pela vegetação (também é a primeira escolha se estiver aprendendo a dominar iscas artificiais, ou em locais não muito bem conhecidos com enrosco imprevisível). Não deixe faltar na sua caixa de iscas! Sua maior desvantagem é que ela não tensiona muito a linha em trabalho lento, que se for enrolada “frouxa”, acabará “embolando”...

Seu uso é mais tolerante aos erros de lançamento por não enroscar, mas o trabalho de subsuperfície, de 30 a 60 cm de profundidade é difícil de ser alcançado e deve ser “ajustado” pelo recolhimento (observe que um “plug” flutuante de barbela curta é mais fácil de manter na profundidade adequada). Use uma colher de anzol 4/0 ou 5/0 para traíras pequenas (uso crepuscular), e use uma de anzol 6/0 ou 7/0 para traíras grandes (uso na completa escuridão). A colher tem a vantagem de permitir que usemos anzóis grandes por ter volume relativamente pequeno e devemos usar essa vantagem, já que uma ferroada segura é algo mais que desejável em local com muito enrosco.

A colher tem diversos formatos, o melhor é o mais largo junto ao anzol, pois ela “nada” mais na horizontal (salvo colheres pequenas, que ficam mais ou menos na horizontal de qualquer jeito), e o peixe tende a morder uma isca qualquer onde ela é maior ou se mexe mais. Note que uma colher não costuma precisar de encastoamento propriamente dito, uma linha de flúor grossa basta, pois ela sempre deve ter o distorcedor (que pode funcionar como encastoamento, se tornando numa vantagem desta isca). Devido a sua tendência a girar, recomendo somente usar uma colher com um distorcedor de rolamento, de preferência discreto e preto para não espantar, nem fazer a traíra desprezar a parte do anzol (atacando o distorcedor ou a frente da colher) e que seu trabalho mais correto é de oscilação e não de giro.

Puxe continuamente e bem devagar para evitar o giro, mas rápido o suficiente para não afundar demais. Seu trabalho em maior profundidade pode ser útil sob vento ou chuva e em locais mais profundos. Se a colher esbarrar levemente no fundo de lugares rasos não tem problema algum (a não ser que isto pode atrapalhar o ataque, ou simular um bagre e desencorajar o predador) e até pode ajudar a manter a profundidade. Se ela, contudo, arrastar no fundo, troque a isca ou recolha com a ponta da vara para cima e mais rápido quando passá-la por onde isto ocorre.

Obs 1: Uma colher com um bom antienrosco é excelente isca para dourado em corredeiras (melhor que para traíra, já que a profundidadede trabalho e o aspecto deixam de ser problemas). Tem uma colher da marca YANKEE a qual possui um excelente antienrosco, sendo a colher média (anzol 7/0) adequada para grandes traíras e a pequena (anzol 5/0) boa para traíras em geral.

Obs 2: O aspecto de uma colher é chamativo, mas artificial ! Não é difícil que um peixe a evite se ele estiver “acostumado com iscas artificiais”. Embora seja uma isca de meia água, seu uso deve ser mais junto ao fundo e/ou na escuridão, tudo que ajude a disfarçar seu aspecto pouco natural (vegetação abundante, escuridão, água barrenta...). Uma boa técnica é lançá-la sobre a vegetação “santa luzia” e puxar bem devagar (chamando a atenção da predadora). Quando ela mergulhar, mantenha a linha esticada com a menor tensão possível por dois ou três segundos (a tensão da linha a fará o trabalho conhecido como helicóptero, assim a traíra pode atacá-la neste mergulho), e recolha regulando a velocidade para evitar que afunde demais.

Se você tiver a habilidade e materiais necessários, poderá aumentar o anzol de sua colher. A vantagem é possuir uma colher pequena e capaz de ferrar com segurança peixes de diversos tamanhos evitando que o peixe escape por ser grande para o anzol, ou pequeno para a colher. Deve-se começar pela reunião do material necessário! Para fazer o “antienrosco” use alicates de entortar arame (alicate de ortodontista ou técnico em prótese dentária), arame duro (rígido) de 0,35 mm (do tipo para encastoamento vendido em lojas de pesca servirá para fazer o antienrosco da colher pequena) ou de 0,50 mm (para a colher média). Você poderá usar uma colher de pesca a qual receberá a modificação (as primeiras colheres eram feitas de colheres de comer e nada impede de as usarmos, embora dê ainda mais trabalho!), parafuso e porca inoxidáveis para a fixação do anzol e antienrosco, e equipamento para perfurar a colher na medida do parafuso. Daí para frente é mão de obra!

Observe que o anzol deverá ser reto (algo difícil de encontrar hoje em dia, devido à moda de anzóis tortos), o parafuso deve passar no olho do anzol, e o antienrosco pode ser aproveitado, junto com o parafuso e anzol, de uma colher maior (o anzol que vem em uma colher maior é o ideal, por ser reto e por vir com o antienrosco já dobrado e parafuso inox com porca).

Primeiramente, o anzol deverá passar no buraco que sai na parte traseira da colher! Alargue o buraco virando-o para cima (use um motor de dentista, técnico de prótese dentária, um motor ou uma lima de ferreiro, isto permitirá que o anzol fique o mais junto da colher possível, evitando más ferradas), e introduza o anzol neste espaço fazendo o novo furo para colocar o parafuso numa posição em que permita o anzol ficar um pouco mais para tas (acima de onde estava o anterior - remova as farpas da haste do anzol se estas atrapalharem). Certifique-se de que o parafuso passa justo no buraco da colher e no do olho do anzol, e de que o parafuso não sobra em excesso. Na verdade, é meio complicado...

Na imagem, apenas para exemplificar, já que esta colher foi preparada para um dourado. Em baixo, uma colher YANKEE média com antienrosco (anzol 7/0), e acima, o ótimo resultado de uma modificação especial para dourados (anzol 14/0, antienrosco de aço duro 0,50 mm que eu mesmo dobrei na mão). Observe a diferença entre os anzóis utilizados...

Os SPINNERS também são ótimas iscas! A isca que melhor tensiona a linha é o “spinner”, especialmente se a lâmina for do “tipo colorado” (lâmina quase redonda, gordinha), sendo esta a lâmina de “trabalho” mais lento. São excelentes em noites de luar por trabalharem em velocidade bem baixa (traíra menos ativa, isca mais fácil de morder) e por aproveitarem a luz, gerando um ótimo efeito visual, aliado ao vibratório que é fortemente atrativo com o girar das lâminas (só não sei com que se parece, ou o que se passa na cabeça do peixe, mas funciona! Deve ser o movimento que simula um peixinho ou inseto “atolado para nadar”). Ao comprar, observe que as lâminas devem ficar próximas a garatéia evitando a possibilidade da ferroada não acontecer pela boca, pois é nas lâminas onde o peixe tem maior probabilidade de morder. Um “spinner” modificado para ter o anzol o mais próximo possível das lâminas seria o ideal, mas ainda não consegui estabelecer essa “forma desejada”!

O “spinner” e a colher só não são as iscas mais eficientes para traíras (na escuridão de preferência) por trabalharem no início do recolhimento em profundidade excessiva, a mais de 80 cm (dá para controlar a imersão do “spinner” melhor que o da colher). Mas sua produtividade não deixa nada a desejar quando a profundidade não for problema (para traíras, é!), ou se for controlada por um pescador hábil (não tem jeito, traíra na artificial sempre exige grande habilidade). Ao lançar, por serem iscas mais pesadas dão maior distância de lançamento, comece o recolhimento imediatamente após a isca tocar a água, com a ponta da vara virada para cima e um pouco mais rápido, para que não afunde muito.

Embora estas iscas sejam polivalentes em termos de profundidade, isto só é vantajoso para outros peixes que possam estar em profundidades maiores, nos obrigando a controlá-la ativamente (se o lugar for profundo ou for de capim “braquiára”, a traíra pode estar mais para o fundo, embora ela possa estar mesmo em local mais favorável a ela, com vegetação flutuante). Conforme a isca se aproxime, primeiramente diminua a velocidade de recolhimento, e quando ela chegar mais perto vá abaixando a ponta da vara. Uma forma de incrementar o trabalho destas iscas é quase que parar de recolher, para depois voltar ao recolhimento normal (que é lento), tanto a colher como o “spinner” afundam, mas mantendo ininterruptamente seu trabalho (só não podemos parar o recolhimento totalmente, este trabalho é conhecido como “helicóptero”).

Teoricamente, o SPINNERBAIT seria uma grande opção nesta situação (isca super-lenta e antienrosco), mas depois que três traíras morderam as colheres, desprezando o anzol, eu desisti desta isca (todas foram pegas trocando a isca). Se for tentar, use cores as mais luminosas possíveis, como o amarelo-limão ou branco, para que o peixe morda o lugar certo. Usar um anzol como trailer, travado por um pedacinho de plástico, é sempre recomendável (os que vêm com iscas de luz química são ótimos, é só cortar um pedacinho e enfiar de lado no anzol principal).

O “PENACHO”, que difere de um “STREAMER (a isca de fly)” por ter um pequeno peso na frente do anzol e difere do “jig” pelo peso ser menor, trabalha rápido demais e agarra demais para ser uma isca recomendável, mas tem pescadores que a usam mesmo assim; eventualmente com bons resultados...

Fonte: Moacyr Sacramento
Agradecimento: Moacyr Sacramento

Nenhum comentário :

Postar um comentário